Câmara dos EUA terá renovação de 19%, menos da metade da brasileira

A renovação na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos deve ser menos da metade da observada na sua equivalente brasileira, em torno de 19%, apesar das eleições de meio mandato presidencial mais acirradas da última década.

Dos 435 assentos disputados, pelo menos 83 terão congressistas que nunca fizeram parte do Congresso. No Brasil, dos 513 deputados, 243 nunca tinham ocupado o cargo, ou 47,4% do total.

O Texas teve o maior número de novatos nesta eleição: 9 dos 36 políticos que representarão o estado em Washington não fazem parte do atual Congresso.

Serão cinco novos deputados pela Pensilvânia, que teve seu mapa distrital redesenhado pela Suprema Corte do estado depois que o original, de 2011, foi acusado de beneficiar republicano.

O estado tem 18 representantes na Câmara. A partir de 2019, nove serão republicanos e os outros nove, democratas. Hoje, 12 pertencem ao partido do presidente Donald Trump.

A Carolina do Norte, outro caso de desenho de mapa distrital que favorece os republicanos, vai enviar um novo congressista a Washington. Ainda assim, a balança de poder ainda pende ao partido de Trump: são dez representantes da legenda, contra três democratas eleitos.

Flórida terá cinco estreantes, assim como Nova York, que levará a Washington uma estrela em ascensão, Alexandria Ocasio-Cortez.

A nova-iorquina do Bronx também protagonizará outro dos marcos desta eleição: aos 29, será a mais jovem a ser eleita ao Congresso americano.

Ela também será uma das pelo menos 110 mulheres eleitas para a Câmara baixa, um recorde --ainda que signifique 25% dos 435 assentos disponíveis. Até agora, as mulheres nunca haviam tido mais que 84 cadeiras na Casa.

Além de Ocasio-Cortez, várias outras mulheres quebraram recordes nesta eleição. Rashida Tlaib, em Michigan, e Ilhan Omar, em Minnesota, serão as primeiras mulheres muçulmanas a ocupar um assento congressional.

Em Massachusetts, Ayanna Pressley se tornou a primeira negra a ocupar um assento pelo estado na Câmara dos Deputados, enquanto, no Tennessee, Marsha Blackburn será a primeira mulher a representar o estado no Senado.

Sharice Davids e Deb Haaland serão as primeiras indígenas eleitas ao Congresso --pelo Kansas e pelo Novo México, respectivamente. Já o Texas enviou as primeiras hispânicas do estado a Washington: Veronica Escobar e Sylvia Garcia.

A Pensilvânia, que não tinha mulheres em sua representação no Congresso, elegeu quatro. E em Iowa, Abby Finkenauer e Cindy Axne conquistaram assentos que antes pertenciam a republicanos.

As mulheres também fizeram história em outras esferas de poder. A Dakota do Sul terá sua primeira governadora, Kristi Noem, assim como o Maine, que elegeu Janet Mills.

No Kansas, a democrata Laura Kelly derrotou, por margem estreita, o conservador republicano Kris Kobach. É uma vitória de relevo, porque o estado é considerado reduto do partido de Donald Trump.

Michelle Lujan Grisham e Gretchen Whitmer conquistaram, respectivamente, os governos do Novo México e de Michigan.

A partir de 2019, haverá mais mulheres democratas que republicanas no Congresso.

A diferença partidária no quesito gênero, que já havia ficado evidente no número maior de democratas concorrendo a um assento no Congresso, deve ficar ainda maior, estima Kelly Dittmar, do Center for American Women and Politics da Universidade Rutgers.

Em mensagem em uma rede social, ela escreveu que, apesar de um ganho de um ou dois assentos no Senado —o Arizona, onde duas mulheres disputam o assento, ainda é dúvida—, a representação de mulheres republicanas no Congresso vai diminuir em 2019.

"Então o trabalho não para aqui. Nunca que resolveríamos o problema de baixa representação de mulheres em um único ano", afirmou.

Antes do resultado, a disputa eleitoral já havia sinalizado uma distância entre os partidos: do lado democrata, 43% dos candidatos eram mulheres, ante 13% no espectro republicano.

Kathy Chiron, presidente da League of Women Voters do Distrito de Colúmbia, avalia que parte do resultado favorável às mulheres foi motivada por episódios de grande repercussão na mídia, como a confirmação do conservador Brett Kavanaugh na Suprema Corte e a retórica desagregadora do presidente Trump.

"Mulheres e homens veem o que está acontecendo no noticiário e a direção que este país está tomando e querem ter suas vozes ouvidas", afirmou.

"Nossa mensagem sempre foi e sempre será que continuar a votar é a chance de resolver os assuntos que interessam. O voto é nossa maneira de fazer a diferença e influenciar nossas comunidades."

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