Nelson Rodrigues vive

O Brasil foi melhor e teve maiores e mais claras chances de gol. Os mexicanos foram habilidosos, velozes, mas o Brasil tem tudo isso e muito mais técnica.

Foi um jogo de risco, já que o México chegou várias vezes perto do gol. Diferentemente das três partidas anteriores, Coutinho não voltou para marcar, e havia quase sempre um mexicano livre na intermediária do Brasil, para receber a bola.

No segundo tempo, com a entrada de Fernandinho no lugar de Paulinho, melhorou a marcação. Ele recuperou uma bola, e o Brasil fez o segundo gol.

Neymar, o craque do jogo, e Willian, que marcou, driblou, cruzou, apoiou e finalizou, foram os destaques, seguidos, mais uma vez, pelos zagueiros. Fagner não foi bem no confronto individual, e Paulinho, Coutinho e Gabriel Jesus foram discretos. O Brasil precisa melhorar a marcação no meio-campo contra o forte time da Bélgica, o que não significa a saída de Coutinho. Gabriel Jesus foi solidário, raçudo e ainda marcou pela esquerda, para poupar Neymar. Mas é pouco.

A Copa do Mundo tem uma grande importância técnica, comercial e de mídia, mas é uma incoerência criar novos conceitos e verdades em um torneio tão curto, com jogos eliminatórios. Se houvesse outro Mundial daqui a seis meses, com os mesmos atletas e confrontos, as atuações e resultados seriam diferentes.

A troca de passes da Espanha não é para jogar no lixo. Precisa ser reestruturada. Tem de ser acompanhada do drible perto da área e de mais finalizações. A ineficiência do ataque da Espanha não é apenas por causa do estilo coletivo, de troca de passes, é também individual. Os habilidosos meias Isco, Iniesta e David Silva, artistas da bola, não têm o hábito de fazer gols. 

Dizer que não há mais lugar no futebol para jogadores hábeis, fantasistas e para muita troca de passes e que, agora, o jogo é quase somente físico é absurdo.

A Espanha, com o mesmo estilo, não perdia havia dois anos, ganhou da Argentina por 6 a 1 e foi campeã do mundo em 2010, quando perdeu para a Suíça, por 1 a 0, em um jogo muito parecido com o contra a Rússia.

Isso me faz lembrar Nelson Rodrigues, que chamou os críticos de "idiotas da objetividade", por falarem, após o fracasso do Brasil na Copa de 1966, que o futebol-arte tinha acabado e que passava a ser um jogo físico e objetivo. Nelson continua vivo.

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