Marta fala sobre sua história e marca gol de placa na ONU

Marta, seis vezes a melhor do mundo, marcou mais um gol de placa nesta semana. Ela é embaixadora da ONU Mulheres, organização que tem por objetivo dar acesso à cultura, educação e saúde a garotas em situação de vulnerabilidade. 

Na ocasião contou parte de sua história de vida no encerramento da cerimônia da entrega do Troféu COI, na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York.

Essa é mais uma ação afirmativa que busca valorizar e dar visibilidade a pessoas e organizações que trabalham pelo desenvolvimento do esporte feminino mundo afora. É sempre bom lembrar que ações como essas são necessárias porque ainda não há igualdade de gênero, seja no esporte ou em outros espaços sociais. 

Prêmios como esses servem como um farol a iluminar uma estrada ainda penumbrenta na qual outras transeuntes serão obrigadas a passar, caso queiram realizar ações que ainda não são consideras um direito. Na direção contrária estão as interdições, as dificuldades e o preconceito, com seus faróis altos a fazer cegar quem olha ingenuamente para aquela luz.

Chama a atenção também como Marta refere-se à própria história para criar empatia com as premiadas. 
Narra com afeto passagens de sua trajetória que certamente são comuns a tantas meninas que cultivam o desejo de ser atletas. A ausência de entes considerados fundamentais na vida de qualquer criança, a falta de recurso, o preconceito de gênero, o distanciamento do local de origem e a falta de estímulo.

Sempre que ouço uma narrativa assim lembro de outras centenas de narrativas colhidas ao longo dessas últimas duas décadas de pesquisa com atletas olímpicos. 

Histórias que se repetem e marcam a trajetória das novas gerações de meninas que desejam se dedicar ao esporte. E o tempo passa e permanecem inalteradas algumas práticas que levam  mulheres a afirmar sua condição heroica, não apenas pelo rendimento esportivo, mas pela determinação em alcançar posições interditas.

Em seu discurso Marta destacou que muitas meninas ficaram ou ficarão pelo caminho porque são obrigadas a lidar com barreiras muito maiores do que elas. E a rainha está coberta de razão. O conteúdo desse discurso corrobora a necessária continuidade de uma luta que se faz todos os dias em diferentes frentes.

Também nesta semana foi quebrada mais uma barreira com a premiação de Karen Uhlenbeck para o Prêmio Abel, o equivalente ao Nobel de matemática. Pela primeira vez na história uma mulher recebe esse prêmio. Karen declarou que no início de sua carreira, há mais de meio século, perguntaram a ela onde pretendia chegar, uma vez que o lugar de mulher era em casa, cuidando da família e dos filhos. Ela não se abateu. Seguiu a carreira acadêmica ainda que isso se constituísse uma afronta a muitos. Sua produção resulta em pesquisas que geram impacto tanto para a matemática como para a física, confirmando assim que nem só no esporte as mulheres são discriminadas. E graças a pessoas como Marta e Karen há avanços.

Marta finalizou seu discurso dizendo que é compromisso da ONU que a igualdade de gênero não seja mais um sonho e sim realidade.

Embora o século 21 caminhe para o final de seu primeiro quarto, questões não resolvidas há tantos outros séculos permanecem na agenda. Que outras campeãs continuem a registrar em seus discursos uma questão latente que marca e marcou a história de mulheres que chegaram (ou não) a ocupar lugares de destaque, não por falta de competência, mas pela atuação misógina de quem detém o poder.

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