Jornalista filipina crítica do governo Duterte deixa prisão após pagar fiança

Maria Ressa, diretora do site de notícias Rappler, conhecido por reportagens que investigam o governo do presidente Rodrigo Duterte, das Filipinas, deixou a prisão horas após ser presa ao desembarcar no aeroporto internacional de Manila nesta sexta-feira (29).

Ela é acusada de violar uma lei determina que apenas nacionais de seu país podem ser proprietários de empresas de mídia.

"Você não pode assediar e intimidar jornalistas para quem fiquem em silêncio. Nós lutaremos contra isso" disse Ressa, após desembolsar US$ 1.707 de fiança (cerca de R$ 6.630).

Maria Ressa foi eleita uma das 'Pessoas do Ano 2018' pela revista americana Time.

A série de acusações contra o site Rappler tem despertado preocupação mundial sobre a liberdade de imprensa na democracia filipina. 

A plataforma e seus dirigentes atualmente respondem a 11 processos, afirmou a jornalista.

Esta foi a sétima vez em que pagou fiança para ser libertada. 

Em 13 de fevereiro deste ano, policiais compareceram ao estúdio de televisão onde Ressa participava de uma transmissão ao vivo para cumprir um mandado de prisão contra ela. 

Depois de passar um dia na prisão, Ressa pagou fiança no valor de US$ 1.900 (cerca de R$ 7.400) e foi liberada.

A jornalista, editora-executiva do Rappler, foi acusada de "difamação virtual" por causa de uma reportagem de 2012, atualizada em 2014, que relacionou um empresário a assassinatos e tráfico de pessoas e de drogas, com base em informações contidas em um relatório de inteligência de uma agência não identificada. 

Ela pode ser condenada por até 12 anos de prisão por esse caso.

As acusações que embasaram o mandado de prisão a que Ressa foi sujeita nesta sexta foram registradas na quarta-feira, quando a jornalista estava nos Estados Unidos participando de um evento.

A Constituição das Filipinas proíbe que estrangeiros sejam donos de empresas de mídia ou tenham qualquer participação societária nelas. 

O site Rappler afirma que seus investidores estrangeiros não têm poderes para interferir nas operações da companhia.

A ONG Human Rights Watch afirmou que se tratava de um caso de perseguição sem precedentes.

"O episódio mostra claramente a determinação da gestão Duterte de fechar o site [Rappler] por causa de suas reportagens consistentes sobre o governo, especialmente sobre a 'guerra às drogas' e a execução extrajudicial de civis e suspeitos de tráfico", afirmou a entidade em um comunicado. 

Mais de cinco mil suspeitos de tráfico de drogas foram mortos pela polícia em operações à paisana.

Organizações de defesa de direitos humanos afirmam que os policiais executam sumariamente os suspeitos, uma acusação que as autoridades negam. 

O porta-voz do governo de Rodrigo Duterte, Salvador Panelo, declarou que as cortes e a polícia estavam agindo dentro da lei ao conceder e cumprir o mandado que determinou sua prisão.

"Ela não pode reclamar que esta é uma violação da liberdade de imprensa", disse Panelo. "Liberdade de imprensa não tem nada a ver com as denúncias contra a sra. Ressa". 

O Sindicato Nacional de Jornalistas das Filipinas afirmou que o site Rappler se tornou "o bode expiatório do governo Duterte em sua tentativa de silenciar ou intimidar a imprensa independente e crítica". 

O presidente Duterte não esconde sua irritação com o site e frequentemente confronta seus repórteres, que são conhecidos por escrutinar suas decisões e nomeações, além de questionar a veracidade de suas declarações polêmicas. 

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