Irã anuncia captura de terceiro navio no Golfo Pérsico em menos de um mês
O Irã anunciou neste domingo (4) que interceptou um navio estrangeiro no Golfo, a terceira embarcação capturada pelo país em menos de um mês nesta região.
Sete integrantes da tripulação do navio foram detidos, relatou neste domingo a imprensa estatal, em uma demonstração de poder do Irã em meio a uma crescente tensão com o Ocidente.
O navio foi interceptado perto da ilha Farsi, do Irã, no Golfo, na quarta-feira (31) disse a agência de notícias semi-oficial Fars. Segundo a agência oficial IRNA, o petroleiro apreendido tem bandeira iraquiana.
A guarda revolucionária de elite (IRGC) tem uma base naval na ilha, localizada ao norte do Estreito de Hormuz.
"As forças navais do IRGC apreenderam um petroleiro estrangeiro no Golfo Pérsico que estava transportando combustível contrabandeado para alguns países árabes", disse o comandante da guarda, Ramezan Zirahi, à TV estatal.
O navio transportava 700 mil litros de combustível e foi levado para o porto de Bushehr, onde sua carga foi entregue às autoridades.O petroleiro seguia com destino aos países árabes do Golfo, segundo Zirahi,
Este é a terceira embarcação interceptada pelo Irã desde julho no Golfo. Um terço do petróleo que transita por via marítima no mundo passa pelo Estreito de Hormuz, localizado nesta região.
Em 14 de julho, o Irã capturou um petroleiro de bandeira panamenha, o MT Riah, acusado de contrabando de combustível.
Cinco dias depois, um petroleiro sueco de bandeira britânica, Stena Impero, foi interceptado pela acusação de não respeitar o código marítimo internacional.
A captura do Stena Impero aconteceu 15 dias depois da interceptação pelas autoridades britânicas do petroleiro iraniano Grace 1 na costa de Gibraltar.
Londres afirmou que o Grace 1 foi barrado por violar as sanções da União Europeia ao seguir rumo à Síria, país em guerra, com uma carga de petróleo, o que Teerã nega.
O Reino Unido determinou que a Marinha escolte os navios civis com bandeira britânica que navegam pelo Estreito de Hormuz.
O governo dos Estados Unidos deseja estabelecer uma coalizão internacional no Golfo para proteger os navios mercantes. A ideia é que cada país escolte militarmente suas embarcações com o apoio do Exército americano.
Mas os europeus relutam ante a proposta, para evitar uma associação com a política de máxima pressão sobre o Irã defendida pelo presidente americano, Donald Trump.
Os países europeus querem preservar o acordo sobre o programa nuclear iraniano alcançado em 2015.
O caso deste domingo pode aprofundar ainda mais a tensão, que cresce desde que Washington decidiu abandonar o acordo sobre o programa nuclear iraniano em maio de 2018, o que significou o retorno das sanções americanas a Teerã e levou o país a perder quase todos os compradores de petróleo.
As sanções asfixiaram a economia do Irã, que tem a quarta maior reserva mundial de petróleo e a segunda de gás.
Além disso, os atos de sabotagem de maio e junho contra petroleiros no Golfo, que Washington atribuiu a Teerã (e que o Irã negou ter cometido), e a destruição de um drone americano contribuíram para aumentar a crise.
Apesar do noticiário, o general iraniano Ahmad Reza Purdastan afirmou neste domingo que os riscos de um conflito no Golfo diminuíram.
"À primeira vista pode parecer que a situação no Golfo Pérsico segue para um conflito militar, mas se você observar mais de perto verá que a probabilidade de tal conflito é cada vez menos elevada", declarou o general.
Ao mesmo tempo, ele destacou que o "Golfo Pérsico é como um barril de pólvora e a primeira explosão pode levar a um grande desastre".
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