Fundo do megainvestidor Warren Buffet acumula R$ 460 bilhões em caixa
O fundo Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, encerrou o segundo trimestre com crescimento nos lucros e um montante recorde de dinheiro em caixa para novas aquisições.
O conglomerado de investimentos disse que o lucro no segundo trimestre subiu 17% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 14,1 bilhões (R$ 53,6 bilhões). A empresa atribuiu cerca de metade desse ganho a oscilações nos mercados financeiros e à venda de alguns de seus investimentos, o que compensou ganhos menores com a divisão de seguros.
O dinheiro em caixa do Berkshire também continuou em ascensão, alcançando um recorde de US$ 122 bilhões (R$ 463 bilhões) no período, enquanto o valor de sua carteira de ações subiu além da marca de US$ 200 bilhões (R$ 760 bilhões).
Buffett quer uma aquisição empresarial expressiva, mas em uma carta aos acionistas, divulgada em fevereiro, alertou que os preços estavam “extremamente altos”. Por isso, o grupo deverá investir em ações, enquanto espera por uma “aquisição do tamanho de um elefante”.
Em vez disso, o grupo gastou cerca de US$ 442 milhões (R$ 1,7 bilhão) no trimestre recomprando suas próprias ações. As recompras de ações agora são acompanhadas de perto por investidores e analistas, com alguns esperando que a Berkshire acelere esse processo.
James Shanahan, analista da Edward Jones, disse que os investidores ficaram desapontados com a “falta de atividade” da Berkshire recentemente; a última grande aquisição ocorreu há mais de três anos. Mesmo depois que seu investimento de US$ 10 bilhões (R$ 38 bilhões) na Occidental Petroleum estiver concluído, o caixa da Berkshire em dezembro ainda poderá ser superior aos níveis do ano anterior, acrescentou Shanahan.
“A incapacidade de identificar empresas operacionais atraentes para adquirir é um problema que persiste há muito tempo”, disse ele. “Esse saldo de caixa crescendo a um novo nível recorde é frustrante para muitos investidores, mas eles aprenderam, ao longo de décadas, a aprovar que a equipe administrativa seja cautelosa e espere por oportunidades.”
Já os resultados operacionais das dezenas de negócios em que a Berkshire investem apontam para uma fraqueza na economia dos EUA. O lucro operacional da Berkshire caiu 11%, para US$ 6,14 bilhões (R$ 23,3 bilhões) no segundo trimestre, parcialmente prejudicado por despesas mais altas em sua unidade de seguros Geico e pela queda dos embarques em sua ferrovia BNSF.
As operadoras ferroviárias dos EUA sinalizaram que a duradoura expansão do país está esfriando e que a disputa comercial entre os Estados Unidos e a China está corroendo parte de seus resultados. A BNSF acusou a política comercial e a concorrência de fornecedores não americanos pela queda nos embarques agrícolas.
Dentro do grupo havia outros sinais de fraqueza econômica. A Precision Castparts, fabricante de produtos industriais, atribuiu uma queda nas vendas de turbinas a gás às tarifas dos EUA, e a distribuidora de componentes eletrônicos TTI alertou que as vendas estavam desacelerando com a “redução da demanda”. As vendas da Duracell e da empresa de trailers Forest River caíram.
Os números do trimestre não incluem os resultados da gigante Kraft Heinz, no qual o Berkshire é o maior acionista ao lado do grupo brasileiro 3G Capital.
A empresa ainda não divulgou resultados do primeiro semestre, embora tenha definido para a próxima semana a publicação dos números trimestrais.
No início deste ano a empresa recebeu uma baixa contábil de US$ 15 bilhões (R$ 57 bilhões) e disse que foi objeto de investigação da SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana) em suas políticas contábeis para aquisição.
Buffett reconheceu que a pagou caro pela Kraft como parte de sua parceria com a Heinz. O acordo, orquestrado em 2015 por Buffett e pelo 3G Capital, provou ser problemático.
O grupo foi forçado a reduzir sua participação na Kraft Heinz no ano passado, e o Berkshire disse em um documento “continuaria monitorando” o investimento para futuras cobranças por desvalorização.