Família de Coutinho desconfiava de Alzheimer e diz que ele estava sofrendo

Dono de um vasto repertório de gols, marcas históricas e de uma coletânea de declarações polêmicas, Antonio Willson Vieira Honório, o Coutinho, 75, que faleceu na noite de segunda-feira (11), já não era mais o mesmo.

“Deus sabe de todas as coisas. Ele estava sofrendo muito”, disse Amanda, filha mais nova, com quem o ídolo santista morou nos últimos meses.

Coutinho preocupava familiares e amigos próximos devido a sintomas de Alzheimer, doença neurodegenerativa que resulta em uma redução das capacidades de trabalho e das relações sociais.

“Ele estava começando com alguns esquecimentos. A própria diabetes ocasiona essas falhas, também. Achamos que sim [estava com Alzheimer], cuidei por muito tempo da minha sogra dessa forma”, disse Rosangela Cleiry, filha mais velha do jogador.

O ex-camisa 9 do Santos morreu em casa, após sofrer um infarto no miocárdio em decorrência de diabetes, hipertensão arterial sistêmica e problemas vasculares.

Desde que retornou do último período em que esteve internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital Casa de Saúde, em Santos, com um quadro de pneumonia, em 28 janeiro, ele apresentava muitas dificuldades para levantar e se locomover. No período, não saía mais de casa e recebia visitas dos amigos mais próximos.

“Ele chegou a não reconhecer o Dorval, mas, em segundos, normalizou e ficaram conversando sobre futebol”, contou Cleiry.

Dorval, 84 anos, era um dos mais próximos de Coutinho da mítica geração santista, ao lado dos ex-pontas Pepe, 84, e de Edu, 69. Eles se viam quase que diariamente na padaria A Santista, conhecido reduto dos torcedores do clube. 

“Essa doença pegou ele de jeito. Era um cara tranquilo, sem estardalhaço. Gostava de tomar a sua cervejinha e que tinha essa cara de bravo desde que começou a jogar. Ele estava com Alzheimer, também, andava esquecendo de muitas coisas”, disse Pepe, segundo maior artilheiro do clube, com 405 gols marcados.

O corpo do jogador foi velado nesta terça-feira (12), no salão de Mármore da Vila Belmiro. O sepultamento será às 18h no cemitério Memorial, a 1km do estádio.

Na madrugada, apenas alguns amigos próximos, familiares e os ex-jogadores Dorval e Mengálvio, 79, estiveram presentes. Além deles, alguns membros da diretoria do Santos. O caixão foi coberto com a bandeira do clube.

O Santos concedeu o espaço para a realização do velório e se responsabilizou por todas as despesas.

Coutinho chegou ao Santos com apenas 14 anos, em 1958, depois de fugir de casa. O adolescente, que gostava de jogar futebol e não era torcedor fanático de nenhum clube –talvez por isso não se impressionava em treinar ao lado de nomes como Pagão, Jair da Rosa Pinto e Pepe–, estreou no time principal no mesmo ano com apenas 14 anos, 11 meses e 6 dias, já fazendo um gol, contra o Sírio Libanês, de Goiás.

Pelo clube, foram 368 gols marcados em 457 partidas oficiais. Ele conquistou cinco vezes o Campeonato Brasileiro, duas Libertadores, dois Mundiais e seis vezes o Paulista.

Longe da Vila Belmiro teve passagem por Portuguesa, Vitória, Atlas (México), Bangu e terminou a carreira precocemente aos 30 anos, jogando pelo extinto Saad, de São Caetano do Sul.

Depois de parar de jogar, ele tentou a carreira como treinador, mas nunca obteve grande sucesso.

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