Empresa de coronel atendeu a demandas públicas e privadas de Temer, diz PF

O delegado Cleyber Malta Lopes, da Polícia Federal, afirma em relatório enviado nesta quinta-feira (28) ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a estrutura financeira da Argeplan, empresa do coronel João Baptista Lima Filho, foi colocada à disposição de "demandas da vida pública e privada" do presidente Michel Temer.

A afirmação foi feita no pedido de prorrogação por 60 dias do inquérito que investiga suposto pagamento de propina em um decreto do setor portuário. A Folha teve acesso ao documento.

Segundo o delegado, "os elementos colhidos indicam que a Argeplan e sua estrutura financeira e funcional por diversas vezes foi colocada em atendimentos de demandas da vida pública e privada do excelentíssimo presidente Temer". 

No pedido, o delegado enumera uma série de diligências feitas na investigação e afirma: "de forma paralela aos vários contratos e vínculos suspeitos com o setor portuário, temos que as buscas e apreensões e demais elementos trazidos aos autos também demonstraram dezenas de ligações da empresa Argeplan, seus sócios e outras empresas interligadas, diretamente com a vida política e privada do senhor Michel Temer".

Segundo o relatório, os vínculos de Temer com o coronel ganham "mais relevância" por causa dos serviços prestados pela empresa do coronel à reforma na casa de Maristela Temer, filha do presidente, alvo do mesmo inquérito". 

Ele destaca a contradição entre os depoimentos de fornecedores e de Maristela. Segundo os empresários, as despesas com a obra somaram ao menos R$ 1,3 milhão, enquanto a filha de Temer disse ter gasto R& 700 mil. 

"Maristela ainda não apresentou qualquer recibo que comprovasse em definitivo que os gastos foram suportados de fato por ela", disse o delegado. 

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