Doria anuncia doação de 1 milhão de doses de vacina contra gripe para Venezuela

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou neste sábado (23) a doação de 1 milhão de doses de vacinas contra a gripe para a Venezuela, que passa por uma crise política e humanitária.

Doria chamou Nicolás Maduro de “ditador que ocupa a posição de presidente da Venezuela” e manifestou apoio a Juan Guaidó, “que deve ser imediatamente empossado e [promover] eleições democráticas livres na Venezuela”. O deputado, que preside a Assembleia Nacional de maioria opositora, se declarou presidente interino sob apoio do Brasil e outros países até que haja novas eleições.

As negociações, afirma o governador, serão conduzidas pelo governo federal e coordenada pelo chanceler Ernesto Araújo. A entrega deve acontecer ainda nesta semana, especialmente por meio de caminhões, nas regiões vizinhas de Roraima.

A ajuda humanitária ao país vizinho, de 32 milhões de habitantes, faz parte da estratégia de Colômbia, Brasil e a oposição venezuelana para forçar a deposição de Maduro, que, isolado internacionalmente, depende do apoio das Forças Armadas para se manter no poder.

Na última sexta (22), após fechar a fronteira com o Brasil, Caracas também anunciou o fechamento de três pontes que ligam o país à Colômbia. 

As doses de vacina têm origem no Instituto Butantan, em São Paulo, que passou por uma reforma para ampliar a capacidade de produção. Também serão doadas 1.700 doses de soro contra picadas de serpentes e aranhas.

A capacidade de produção de vacinas da gripe foi ampliada de 55 milhões de doses ao ano para 140 milhões de doses ao ano, Segundo o instituto, a fábrica passa a ser a maior do hemisfério Sul.

A demanda do Ministério da Saúde é de 64 milhões de doses. O governo de São Paulo planeja exportar o excedente. A expansão custou R$ 83 milhões, provenientes da Fundação Butantan, vinculada ao instituto.

A produção das vacinas é feita partir da inoculação com os vírus de ovos de galinha embrionados, ambiente propício para a multiplicação do patógeno. Depois disso, os vírus são mortos e extraídos dos ovos. A formulação da vacina envolve três tipos de vírus. Dois da influenza tipo A (H1N1, que causa a maior parte dos casos, e H3N2) e uma do tipo B.

Segundo Dimas Tadeu Covas, diretor do Butantan, há planos para produzir uma versão quadrivalente da vacina em 2020.

Em 2018 no Brasil houve 1.363 mortes por influenza confirmadas até o mês de novembro. Os valores variam bastante ano a ano. Em 2016, foram cerca de 2.200 mortes; em 2017, 498.

Os casos mais graves de gripe se manifestam na forma de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que devem ser tratados em hospitais com um antiviral específico, o oseltamivir. Idosos e crianças pequenas costumam ser os mais afetados, mas também há casos entre adultos jovens. 

Dentre os fatores de risco que predispõem a uma maior gravidades estão a doença cardiovascular crônica, doenças pulmonares, diabetes e obesidade.

A melhor maneira de prevenir a gripe é com a vacinação, especialmente dos grupos de risco: crianças menores de 5 anos, trabalhadores da saúde, gestantes, puérperas (mulheres que deram à luz recentemente), indígenas, idosos e professores. No último ano, em São Paulo 85,5% das pessoas desses grupos foram imunizadas. A meta estipulada para a OMS é uma cobertura mínima de 90%.

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