Distritos democratas veem aumento de eleitores não brancos nos EUA

A maioria dos distritos que passaram das mãos republicanas para o comando democrata nas eleições para a Câmara dos Deputados nos EUA registrou, nos últimos cinco anos, aumento no número de eleitores não brancos e mais escolarizados.

A conclusão é de um levantamento realizado pela organização New American Economy com base nos dados do Censo de 2013 a 2018. A entidade, bipartidária, se propõe a elaborar políticas que contribuam para o crescimento da economia americana.

O estudo focou em 33 distritos cujo controle passou para os democratas. Ficaram de fora Pensilvânia e Flórida, que sofreram processo de redesenho distrital em 2016, o que dificulta a comparação.


O levantamento ajuda a jogar luz sobre algumas conquistas importantes dos democratas nas chamadas “midterms”, como o 10º distrito de Virgínia, sob controle republicano havia quase quatro décadas até a vitória da democrata Jennifer Wexton.

Lá, o número de eleitores nascidos no exterior e naturalizados cresceu 3,5% nos cinco anos. A fatia de asiático-americanos e hispânicos avançou 5,5% e o percentual com bacharelado ou grau superior teve alta de 1,1%.

O aumento da escolaridade, medido pelo número de adultos com bacharelado ou grau acima desse, foi o ponto em comum em todos os distritos que mudaram de mãos.

Com exceção do 2º do Novo México, onde o aumento de votantes com mais escolaridade foi de 5.336, os demais distritos tiveram mais de 10 mil novos eleitores bacharéis ou com nível acima desse.

O estudo também captou parte das mudanças demográficas nos EUA que, segundo especialistas, tem beneficiado os democratas nas últimas eleições —ao menos, no voto popular. Todos os distritos, menos três, registraram aumento da fatia de hispânicos e asiático-americanos. 


Além disso, dos 33 distritos, 23 viram o percentual de estrangeiros naturalizados americanos crescer no período.

O resultado geral veio em linha com o esperado por Andrew Lim, diretor de pesquisa quantitativa da New American Economics.

 “O tom geral das duas semanas que antecederam as eleições, com a retórica anti-imigração e o temor em torno da caravana de migrantes, realmente tornou a imigração um tópico quente.”

Foi o tema preferido do presidente Donald Trump em seus comícios ao lado de candidatos republicanos.

Um exemplo é o 2º distrito de Arizona, que faz fronteira com o México. De 2013 a 2018, o distrito viu o número de nascidos no exterior crescer 1,7%, e o de asiático-americanos e hispânicos ter alta de 3,9%. Enquanto isso, a fatia de eleitores brancos recuou 1%.


Pesquisas mostram que o eleitor branco com menos escolaridade é o mais inclinado a votar em republicanos.

Os dados deveriam servir de alerta para o partido do presidente, diz Lim. “Você tem que reduzir a retórica contra comunidades de negros e descendentes de imigrantes, para que esses eleitores possam olhar para o partido”, diz.

Já os democratas deveriam se preocupar em não se acomodar. “O perigo realmente é que demografia não é destino”, afirma Lim.

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