Crise na Nicarágua completa 3 meses; entenda como ela chegou a esse ponto

Os protestos contra o governo na Nicarágua completaram três meses nesta quarta-feira (18), período marcado por uma forte repressão pelo governo de Daniel Ortega, com a morte de cerca de 360 pessoas, muitos deles estudantes universitários.

Os manifestantes iniciaram os protestos em abril, como reação a uma proposta de reforma da Previdência —poucos dias depois o governo de Ortega voltou atrás nas mudanças. 

Entenda os desdobramentos dessa crise nos últimos três meses.

 

Rejeição à reforma previdenciária

Em 18 de abril, seguindo recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo apresentou uma reforma que aumenta as contribuições e reduz as pensões em 5%. A proposta desencadeou em várias cidades manifestações lideradas por estudantes e que foram severamente reprimidas

Quatro dias depois, Ortega deu marcha a ré na reforma, depois de uma onda de protestos marcada por confrontos e saques e que deixou 25 mortos.

Pedidos de saída de Ortega

O recuo do governo não foi suficiente para acalmar os manifestantes e, em 23 de abril, dezenas de milhares de pessoas (entre elas, empregados, empresários, estudantes e trabalhadores rurais) foram às ruas de Manágua para protestar contra a repressão.

A ONU solicita que a Nicarágua “inicie investigações independentes e transparentes” sobre as vítimas. O organismo diz lamentar possíveis “execuções ilegais”.

Diálogo tenso

A mobilização ganha força, e o Exército afirma, em 12 de maio, que não vai reprimir as manifestações. O presidente e a oposição iniciam um diálogo em 16 de maio, com o respaldo da Igreja Católica, mas as conversas são interrompidas por falta de acordo envolvendo a democratização do regime.

No dia 28 de maio, as partes decidem retomar as negociações.

A ONG Anistia Internacional denuncia o uso de grupo paramilitares para reprimir os manifestantes.

Antecipação das eleições

Em 30 de maio, os empresários também começam a se distanciar de Ortega, que assegura que não vai deixar o cargo. Na mesma data, que é Dia das Mães no país, 16 pessoas foram mortas, e os bispos voltam a suspender as negociações.

Rosario Murillo, primeira-dama e vice-presidente do país, faz um apelo ao diálogo em 4 de junho, mas não apresenta propostas concretas. No dia seguinte, a OEA (Organização dos Estados Americanos) condena a violência, sem responsabilizar o regime pela repressão.

No dia 7, os bispos do país apresentam um plano de democratização, com antecipação de reformas presidenciais e constitucionais.

Greve geral

Em 11 de junho, as forças de segurança tentam acabar com as barricadas colocadas pelo país, e a violência volta a ganhar força.

Três dias depois, país vive greve geral, com novos episódios de violência.

No dia 15, governo e oposição chegam a um acordo que permite que observadores de direitos humanos entrem no país e investiguem a violência.

Ataques a estudantes

Porém, em 18 de junho, o diálogo volta a ser interrompido.

No dia 23, a repressão volta a se intensificar, especialmente na Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (Unan), onde dezenas de estudantes buscam abrigo.

Uma semana depois, milhares de nicaraguenses vão às ruas para exigir a renúncia do presidente. Ortega, no entanto, descarta antecipar a eleição presidencial e chama os opositores de golpistas.

 

No dia 13 de julho, há uma nova greve geral no país, depois de grande manifestação no dia anterior pedindo a saída de Ortega. Estudantes da Unan são duramente reprimidos e buscam refúgio em um templo próximo —dois jovens são mortos.

Forças pró-governo lançam em 15 de julho uma operação em Masaya e cidades vizinhas para retirar os bloqueios nas estradas. A operação deixa um saldo de dez mortos.

Nos dias seguintes, a comunidade internacional reforça os pedidos para que a repressão não continue.

Ataque a Masaya

Em 17 de julho, forças antimotim e paramilitares iniciam ação (chamada pela oposição de “operação limpeza”) contra Masaya, cidade que é reduto da oposição. Há novas mortes.

Depois de conflitos violências, as forças do governo assumem o controle de Monimbó, um bairro rebelde de Masaya.

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