Consultorias de imagem miram youtubers e ensinam a entender audiência
A cada minuto, 400 horas de novos vídeos são carregadas no YouTube, conteúdo que atrai 1,5 bilhão de pessoas por mês no mundo todo. No Brasil, o número de vídeos na plataforma cresceu em 54% nos últimos dois anos.
Entre os cem influenciadores digitais mais poderosos do mundo, de acordo com a revista americana Forbes, 24 são brasileiros. De olho nesse mercado, surgiu num país uma série de prestadoras de serviços a esses influencers.
Essas empresas vão desde consultorias de imagem e estilo até produtores de conteúdo, análise de dados e planos de audiência para youtubers.
Sem ajuda desses serviços, seria mais difícil para as marcas encontrar dentro do vasto universo digital o mensageiro ideal para o que querem transmitir. Já os influenciadores recebem auxílio para lidar com os negócios.
“Esse mercado ainda é muito novo, não é regulamentado, mas cresce muito rápido. Estimamos que existam até cem negócios do ramo no país”, diz Marcelo Sousa, presidente da Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi).
Uma das primeiras empresas criadas para ajudar os influenciadores a conquistarem milhares de seguidores nas redes foi a Fhitz, de Alice Ferraz. O negócio cuida da estratégia de mais de 320 influenciadores ligados ao setor de moda, beleza e estilo de vida.
“Tive a ideia de fazer a primeira campanha de marca só com blogueiras há nove anos, quando vi uma profissional dessas na primeira fila de um desfile de moda, em Nova York”, conta Alice, 48.
A maneira leve como a mensagem foi passada pela blogueira chamou sua atenção. Alice achou que aquilo viraria tendência e resolveu investir em formar influenciadoras de marcas no Brasil.
Enquanto a empresa cuida da parte financeira, administrativa, comercial e jurídica das clientes, elas passam a ter treinamentos de produção de texto, apoio de estilo, acervo de produtos e viagens para desfiles de moda pelo mundo.
Metade do que o canal fatura fica com as influenciadoras e metade fica com a empresa. A influencer de moda Camila Coelho, que tem quase 8 milhões de seguidores no Instagram, é uma das clientes.
“Há estimativas de que os salários de influenciadores vão de R$ 10 mil a R$ 250 mil por mês”, diz Alice, que hoje conta com um fundo de investimentos sueco como sócio.
Além de lucrar com a educação de influenciadores, a plataforma YouPix, da empresária Bia Granja, hoje conta com as áreas de consultoria, pesquisa, curadoria, programa de aceleração, eventos e viagens internacionais de estudo, tudo voltado para o segmento.
A empresa começou em 2006 com uma revista, a Pix, sobre cultura de internet e comportamento digital. De 2009 a 2014, o foco foi em festivais, até o atual formato do negócio. “Entendemos que era chegada a hora de contribuirmos com a profissionalização e o crescimento dessa indústria”, afirma Bia, 34.
A companhia atende marcas, como Magazine Luiza, Bradesco e AirBnb, e profissionais que querem aprender sobre o mercado. Em 2017, 200 deles fizeram os cursos da empresa. “Para 2018, nossa expectativa é aumentar em 50% o número de alunos até o final do ano e ter o dobro da receita do ano passado.”
Segundo Ana Paula Passarelli, 34, dona da consultoria Passa, deve mudar a forma como os influenciadores são precificados pelas marcas, com maior valorização da qualidade do conteúdo.
“Se antes a importância deles era medida apenas pela audiência que geravam, hoje eles estão sendo avaliados pelo que dizem, pela qualidade de público que atraem”, afirma.
Ana Paula abriu a consultoria há um ano e faz uma avaliação para os clientes de sua audiência e da linguagem que devem adotar para atrair mais público, analisa os resultados de cada marca mencionada por eles e, se for necessário, faz uma gestão de crise.
O trabalho com cada influencer dura em média 60 dias, e a quantidade de horas que passa com cada um nesse período varia dependendo do caso —Ana Paula cobra R$ 600 por hora. “É possível saber todos os detalhes de quem segue essas pessoas, mas também é preciso analisar como e com quem eles estão falando para saber como tudo pode melhorar para o bem deles e das marcas.”