Cães levaram polícia a pedir prisão de casal por morte de Vitória Gabrielly
A Polícia Civil prendeu nesta sexta (29) um casal suspeito de participar do desaparecimento e da morte da estudante Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, 12, em Araçariguama (a 53 km de São Paulo). As prisões aconteceram na vizinha Mairinque (a 71 km de SP), onde o casal mora.
Vitória desapareceu no último dia 8, quando andava de patins perto de um ginásio. Foi encontrada morta oito dias depois, em um matagal na zona rural de Araçariguama.
A prisão temporária por 30 dias do servente de pedreiro Bruno Marcel Oliveira, 33, e da faxineira Mayara Borges de Abrantes, 24, foi embasada, entre outros fatores, na identificação do cheiro de Bruno, feita por um cão farejador, no local onde o corpo de Vitória foi encontrado no dia 16.
A ordem de prisão foi assinada pelo juiz Flávio Roberto de Carvalho, da 1ª Vara Criminal do Fórum de São Roque (a 66 km da capital paulista).
O depoimento do servente de pedreiro Julio Cesar Lima Ergesse, 24, indiciado na quinta (28) pelo homicídio da garota e já preso, e contradições apontadas pela Justiça nos depoimentos do casal também fundamentaram o mandado de prisão.
“Ambos são investigados pela prática, em tese, do crime de homicídio”, escreveu o juiz. Ele diz que Bruno e Mayara “são pessoas de índoles duvidosas”, pois, apesar de negarem o crime, seus depoimentos “foram investigados e não mostraram verossimilhança, permanecendo contradições (...) que apontam a ocultação da verdade”.
Ergesse afirmou, em uma das versões do caso que relatou à polícia, que saiu de Mairinque em um carro preto com o casal rumo a Araçariguama, para cobrar uma dívida de drogas. Na cidade, segundo ele, pegaram Vitória. Ergesse afirmou ter desembarcado do carro em Mairinque, e Vitória teria ficado com o casal.
O carro dos dois passou por perícia, mas nenhuma prova foi encontrada. Segundo a polícia, Mayara já havia sido presa por tráfico e Bruno, por roubo.
Dois cães farejadores da raça bloodhound identificaram o cheiro da estudante na casa de Bruno e Mayara. A reportagem apurou que a informação consta em um laudo entregue à polícia de Araçariguama no último dia 21.
Segundo o documento, a cadela Bazuca, do canil Vila Bloodhound, e o cão Max, da GCM (Guarda Civil Municipal) de Itupeva (a 73 km de SP), reconheceram o cheiro da jovem na residência do casal.
Além disso, Bazuca também reconheceu o cheiro de Oliveira na rua onde Vitória andava de patins antes de desaparecer e no local onde o corpo da menina foi encontrado. A Justiça, no entanto, cita apenas essa última informação no mandado de prisão do casal.
O fato de os cães identificarem o cheiro de Vitória na casa de Oliveira não significa que a garota tenha ido ao local. O odor da estudante pode ter se fixado em alguma peça de roupa ou objeto do suspeito.
Uma das linhas de investigação é a de que Vitória tenha sido morta por engano. Ela teria sido confundida com uma familiar de um dependente químico que teria dívidas de drogas. Laudo apontou que a menina foi morta por asfixia e lutou com o assassino. A polícia aguarda os resultados de análise de DNA dos suspeitos.
Jairo Coneglian, advogado do casal, contesta a prisão e diz que seus clientes são inocentes. “Nenhum laudo sobre o cão farejador me foi mostrado [pela polícia]”, afirmou.
Ele acompanhou os depoimentos de Bruno e de Mayara à Polícia Civil na manhã de sexta. Disse que lhes foi questionado onde estavam no dia em que Vitória desapareceu e sobre o envolvimento deles no crime. “Meus clientes negam tudo. Eles não foram para Araçariguama no dia em que a menina desapareceu.”
O defensor disse ainda que aguarda o resultado de laudos sobre o material genético colhido dos suspeitos e que vai recorrer da prisão.
Laudo da perícia concluído anteontem apontou que havia material genético de Ergesse sob as unhas de Vitória. Ela foi morta por asfixia, e, segundo outro laudo, lutou com o assassino.