Bia Figueiredo, da Stock Car, diz que é preciso incentivar meninas no automobilismo

São Paulo

A segunda temporada da série de animação "Mickey: Aventuras Sobre Rodas" estreia na segunda (2), às 20h, no canal infantil Disney Junior.

Nos episódios, Mickey, Minnie e o resto de sua turma competem em uma série de corridas com carros personalizados. Mas o grande destaque da nova temporada é a participação de pilotos profissionais no elenco de vozes.

Para os brasileiros, a novidade é ainda mais especial, já que entre os convidados está Bia Figueiredo, paulistana de 33 anos que corre na Stock Car. O japonês Takuma Sato e a britânica Pippa Mann também participam do programa.

 

"É um sonho de criança, né. A Disney parece para nós sempre muito distante. A gente vai para Orlando, acompanha os personagens… sempre vi muito na televisão, adorava o Pato Donald porque ele é estressado, então você imagina a emoção e a alegria que é fazer parte disso", diz a piloto em entrevista à Folha.

"Depois de tantas vitórias, quebrando barreiras como mulher, chegando numa Fórmula Indy, disputando a Stock Car, essa vai ser mais uma história para eu contar para os meus netos, que eu tive um personagem da Disney."

Criada especialmente para a piloto, a personagem está sendo mantida em segredo, mas deve ser parecida com Bia —tanto na aparência quanto na personalidade.

"Lá fora [nos EUA] eu vi um rascunho do desenho, foi bem rápido, nem lembro muito bem como era, só consegui ver que era eu, a minha carinha ali", diz. "Ela vai se parecer muito comigo, vai ter essa característica de ir pra frente, pra cima, de abusar um pouco."

Em sua quarta temporada na Stock Car, Bia foi a primeira mulher a vencer na categoria Firestone Indy Lights, a única a sair vitoriosa da Fórmula Renault e a única a conquistar uma pole position na Fórmula 3.

​"Olha, foi duro no começo, nos anos 1990, até porque não tinha naquela época mulheres no topo do automobilismo, nenhuma tinha vencido. Então foi bem complicado."

Mesmo com as dificuldades enfrentadas no começo, a piloto resolveu correr atrás do sonho e da vocação que tem desde a infância.

"Eu gostava desde pequena, não tinha medo nenhum e tive uma família que me apoiou e pessoas especiais que foram aparecendo na minha vida, porque meus pais são médicos, então não tenho nenhum histórico familiar no automobilismo", conta. Mas Bia é, no mundo das corridas, uma exceção.

"Muitas pessoas me perguntam por que a gente não vê tantas meninas no automobilismo. Eu acho que pode ser um pouco de cultura e normalmente a mulher não tem uma grande paixão pela velocidade. Eu vejo que o aumento pelo interesse por carros em si tem crescido, mas a mulher gostar de acelerar não é muito comum. E até por ser um esporte muito caro isso acaba filtrando muito, nem sempre as meninas que gostam conseguem começar a andar de kart e ter uma carreira."

É preciso, no entanto, promover a maior participação de mulheres nesse universo, segundo Bia. Com 25 anos de carreira, ela diz que correu, na maioria das vezes, com homens, mas as experiências sempre foram boas.

"Hoje eu vejo o crescimento das mulheres na área, eu tenho uma engenheira na Stock Car. Mulher é muito determinada também, muito focada, então a gente tem se dado muito bem. Eu espero que eu abra portas para mais mulheres se interessarem e parar de ter aquela coisa da família, né. Quando a menina começa a se interessar, 'ah não, isso é coisa de menino'. Parem de ter isso para que possamos incentivar mais meninas no automobilismo."

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