Após Brumadinho, ministro diz que todas as barragens serão fiscalizadas até o fim do ano
Pouco mais de um mês após a tragédia de Brumadinho (MG), o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, afirmou nesta quinta-feira (7) que todas as barragens de rejeitos de mineração do país serão fiscalizadas até o fim deste ano.
Durante evento do Brazil Institute, em Washington, o ministro afirmou que a Agência Nacional de Mineração tem priorizado a checagem das barragens com maior potencial de dano mas que, até dezembro de 2019, as cerca de 800 serão fiscalizadas para evitar o que ocorreu nas cidades mineiras de Brumadinho e Mariana —esta em 2015.
"Até o final do ano, todas as barragens de rejeitos de mineração no país serão fiscalizadas pela Agência Nacional de Mineração. Priorizamos as barragens que têm maior potencial de danos, que estão sendo inspecionadas há mais de um mês junto com as próprias empresas", disse o ministro a jornalistas após palestra a pesquisadores e funcionários do governo americano.
Albuquerque chamou de "acidente" o que aconteceu em Brumadinho e disse que o Brasil "tem normas suficientes para impedir" o rompimento de barragens, porém, ele diz, as regras não são cumpridas.
"O país já tem normas suficientes que, no meu conhecimento, poderiam, se cumpridas, ter evitado aquele acidente. Não é por falta de norma, por falta de conhecimento técnico [que aconteceu a tragédia em Brumadinho]", completou.
Segundo o ministro, o governo de Jair Bolsonaro está trabalhando para reformar a legislação e também acabar com as barragens com elevação a montante —mais baratas e de alto risco— até 2021.
"E em até três anos, as barragens com elevação a montante deverão ser descomissionadas, ou seja, não só a parada da atividade de recebimento de rejeito, mas também a reintegração dessas áreas ao meio ambiente".
A barragem que se rompeu em Brumadinho no fim de janeiro liberou cerca de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro e deixou centenas de mortos e desaparecidos.
Ainda de acordo com o ministro, as razões para a tragédia "ainda estão sendo analisadas" e só ao final das investigações é que será possível saber "os reais motivos que levaram ao acidente de Brumadinho".
Em sua fala pública durante o evento na capital americana, o ministro defendeu a energia nuclear como fonte segura —no Brasil, apenas 1,2% do setor é dedicado às usinas nucleares.
Para Albuquerque, até 2030 estão previstas oito novas usinas nucleares no país, mas vai haver uma revisão para saber se é preciso "aumentar ou reduzir" esse número.