Votação para presidente no México tem filas longas e clima de tranquilidade

Em um domingo de sol, em que a temperatura chegou aos 28 graus, os mexicanos saíram às ruas em grandes quantidades para votar para presidente. Havia filas grandes em alguns postos, principalmente no interior do país. Na capital, a votação podia ser considerada bem mais rápida.

A disputa vai definir também um novo Congresso, com 500 deputados e 128 senadores, câmaras regionais, mais de 1.600 prefeituras e nove dos 32 governadores, entre eles o cargo de chefe de governo da Cidade do México, que tem status de estado.

Com tantos postos em disputa, alguns eleitores demoravam até dez minutos para preencher todos as cédulas. No México, o voto é obrigatório, embora não exista penalidade para quem não compareça —89 milhões de pessoas estavam aptas a votar.

Em alguns lugares do país, e na própria capital, houve interrupções de até uma hora em algumas cabines por falta de boletos de algum dos pleitos, o que gerou reclamação de eleitores.

No geral, porém, o INE (órgão eleitoral oficial) afirmou que a votação transcorreu com tranquilidade. O fechamento das urnas seria às 18h locais (20h de Brasília), e o primeiro resultado parcial oficial, às 23h (1h de Brasília).

O domingo quente levou as pessoas aos parques e aos bares com telões que mostravam as duas partidas do dia da Copa do Mundo, entre Rússia e Espanha e depois entre Dinamarca e Croácia.

O presidente Enrique Peña Nieto votou por volta das 13h (15h no Brasil), num centro de votação próximo à residência oficial de Los Pinos. Estava acompanhado de sua mulher, a atriz Angélica Rivera, e de seus seis filhos.

“Estou seguro de que será uma jornada histórica para o país, porque se trata da maior eleição que o México já teve em sua história, em termos de cargos e de número de votantes.”

Afirmou que a eleição mostrará “como o México construiu, nas últimas décadas, uma democracia sólida, que vem se consolidando e ficando mais forte”.

Peña Nieto ainda afirmou que será “absolutamente” respeitoso do resultado e dará respaldo total aos eleitos.

Favorito disparado segundo as pesquisas, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador votou pela manhã e foi muito assediado pela imprensa e por apoiadores —uma escolta foi usada para que ele entrasse e saísse do centro de votação. Bem a seu estilo, abraçou e tirou fotos com vários apoiadores. “Hoje o México vai decidir se quer uma mudança ou se prefere continuar com o mesmo tipo de governante.” 

Já o segundo colocado nas pesquisas, o centrista Ricardo Anaya, votou com um de seus filhos pequenos no colo e disse que tinha certeza de que este seria “um grande dia para o país e para nossa proposta”.

O governista José Antonio Meade votou rapidamente e declarou que a “democracia sairá reforçada depois dessa jornada”. Depois de votar, foi à missa com sua família.

Durante o fim de semana, líderes e ex-líderes de esquerda latino-americanos mandaram mensagens de boa sorte e de celebração pela provável eleição de López Obrador.

Uma delas veio da brasileira Dilma Rousseff, que afirmou que estava “torcendo para que o amigo povo mexicano eleja Andrés Manuel López Obrador. Será uma vitória não apenas do México, mas de toda a América Latina”.

O boliviano Evo Morales disse que queria “aplaudir o povo mexicano que hoje [1º] exercerá seu direito democrático nas eleições federais”.

Com a possível eleição de AMLO (como López Obrador é chamado), Evo afirmou que deseja que “o México olhe para o sul, para que unidos em nossa identidade latino-americana possamos fazer frente aos ataques do império [em referência aos EUA].”

A argentina Cristina Kirchner afirmou que o esquerdista mexicano é “uma esperança para o México e para toda a América Latina”, assim como o equatoriano Rafael Correa, que disse que sua eleição seria “um vendaval de frescor, uma grande esperança” para a região e para o México.

Já Manuel Zelaya, ex-presidente de Honduras, afirmou que sua possível eleição acabará ainda com “o pesadelo neoliberal e os crimes contra o povo mexicano”.

Apesar do clima de tranquilidade no horário de votação, houve episódios de violência registrados nas últimas 48 horas. Em Quintana Roo, um dos estados mais afetados pela violência, mais um jornalista foi assassinado a tiros, num bar, na madrugada do sábado (30).Trata-se de José Guadalupe Chan Dzib, 35, o sexto jornalista morto no México neste ano. Em 2017 foram 12, e, em todo o período de Peña Nieto, 42. Nenhum responsável até agora foi preso.

Chab Dzib trabalhava para várias publicações da região de Yucatán, e vinha publicando uma série de matérias para o diário Playa News sobre o assassinato de políticos regionais na campanha eleitoral.

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