Vélez faz dança das cadeiras no MEC após críticas de Olavo de Carvalho

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, promove nesta sexta-feira (8) uma dança das cadeiras dentro da pasta. As mudanças ocorrem após o escritor Olavo de Carvalho publicar nas redes sociais que seus ex-alunos deveriam sair do governo Jair Bolsonaro (PSL).

O chefe de gabinete do MEC, o advogado Tiago Tondinelli, vai deixar o cargo. Ele é um dos ex-alunos de Olavo que ocupam cargos-chave na pasta. 

Até agora, Tondinelli era uma das pessoas mais próximas do ministro. Ele não quis comentar a saída, mas disse que o motivo é pessoal e que já estaria previsto há algum tempo. 

Nomeado em fevereiro como assessor especial do ministro, Silvio Grimaldo de Camargo publicou no Facebook que o MEC faz um "expurgo" de ex-alunos de Olavo. "O expurgo de alunos do Olavo de Carvalho do MEC é a maior traição dentro do governo Bolsonaro que se viu até agora. Nem as trairagens do [vice-presidente Hamilton] Mourão ou do [ex-ministro Gustavo] Bebianno chegaram a esse nível", escreveu nesta tarde. Até agora, a exoneração dele não foi oficializada.

Dentro do MEC há um clima de disputa entre três grupos: militares, que ocupam cargos importantes, os discípulos de Olavo (que incluem também o ministro, que foi indicado por ele), e técnicos oriundos do Centro Paula Souza. O centro é a autarquia paulista que cuida das escolas técnicas.

Luiz Antonio Tozi e Tania Leme de Almeida, secretário-executivo e de Educação Básica do MEC, respectivamente, vieram de lá. Pelo menos outros dois ex-professores do órgão ocupam cargos na pasta. 

A insistência do ministro em pautas ideológicas têm preocupado integrantes do grupo do Paula Souza e dos militares, também representado por ex-integrantes do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). O ex-reitor do ITA, Anderson Ribeiro Correia, é o presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

As movimentações pegaram de surpresa até alguns auxiliares próximos do ministro. No Diário Oficial desta sexta-feira, cinco membros da pasta ou de órgãos ligados ao ministério foram dispensados.

Um dos exonerados é o coronel Ayrton Rippel, chefe de gabinete adjunto do ministro. A Folha apurou que, apesar da exoneração, é possível que Rippel seja deslocado para outro cargo. Mesmo exonerado, ele permanecia no MEC nesta sexta-feira.

O chefe de gabinete do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), André Monat, teve a nomeação tornada sem efeito. Monat também é egresso do ITA.

Em meio as movimentações, o nome do assessor do MEC Murilo Resende também apareceu como um dos possíveis demitidos. À Folha, ele disse que não deve sair.

Defensor do projeto Escola sem Partido, Resende havia sido nomeado para uma diretoria responsável pelo Enem no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Após repercussão negativa, acabou confirmado como assessor do MEC, mas mantém trânsito no Inep.

A Folha procurou a assessoria de imprensa do MEC mas até a publicação deste texto não teve retorno.

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