Veja vantagens e obstáculos à frente de Joe Biden na corrida pela Casa Branca

Joe Biden entrou de vez na corrida pela Presidência dos Estados Unidos. Vice-presidente no governo de Barack Obama (2009-2017), o político democrata é um dos favoritos para enfrentar Donald Trump nas eleições de novembro de 2020.

“Estamos em uma batalha pela alma desta nação”, afirmou Biden, 78, em vídeo de lançamento de sua campanha divulgado nesta quinta-feira (25). Ele também disse acreditar que a Presidência de Trump é um “momento aberrante” na história do país e que a própria democracia “está em jogo”.

Entenda as vantagens e os obstáculos à frente de Biden na corrida pela Casa Branca:

1. Vantagem: Biden é favorito desde a largada

É a terceira vez que Biden tenta ser o candidato democrata à Presidência do país. Ele já disputou as primárias do partido em 1988 e 2008, período em que era senador, mas fracassou em obter a nomeação. Desta vez, ele começa a campanha à frente dos demais competidores.

De acordo com uma pesquisa do RealClearPolitics, Biden é o favorito para obter a indicação do partido com 29,3%, seguido por Bernie Sanders, senador que foi pré-candidato à presidência em 2016, que tem 23% de apoio.

2. Obstáculo: seu passado é alvo de escrutínio

A longa carreira de Biden na política fez ele ser bastante conhecido pela população, mas algumas manchas em seu histórico voltam agora para atormentá-lo. Por exemplo, Biden é criticado por ter declarado apoio à invasão do Iraque em 2003, encabeçada pelo então presidente George W. Bush. A intervenção, que culminou na deposição do ditador Saddam Hussein, deixou um rastro de violações de direitos humanos e agravou a instabilidade no Oriente Médio.

Além disso, Biden é frequentemente questionado sobre seu papel no processo de indicação do juiz Clarence Thomas para uma vaga na Suprema Corte, em 1991. Na época, o democrata presidia a Comissão de Justiça do Senado e permitiu que congressistas atacassem Anitta Hill, uma ex-funcionária de Thomas que o acusava de assédio sexual. Apesar da denúncia, o juiz teve sua indicação aprovada.

Por fim, nos últimos meses diversas mulheres vieram a público para acusar Biden de tê-las tocado e beijado de maneira inapropriada. Após as denúncias, o democrata prometeu corrigir seu comportamento, mas o desgaste de sua imagem é inevitável diante da força do movimento #MeToo, que desafia o machismo na política e na indústria do entretenimento.

3. Vantagem: ele tem o apoio do establishment democrata

Veterano da política americana, Biden tem o respaldo tácito da direção do Partido Democrata. Espera-se que nos próximos meses diversas figuras de peso da agremiação declarem suporte à sua candidatura –o rol de possíveis apoiadores inclui a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, além, é claro, de Obama.

A posição privilegiada de Biden entre os democratas facilita seu acesso a doadores e à máquina de campanha do partido. Isso pode fazer toda a diferença na disputa das primárias democratas, que já conta com cerca de vinte candidatos.

4. Obstáculo: ele está distante da ala progressista do partido

Por outro lado, Biden está distante das bases progressistas do partido, que vêm ocupando cada vez mais espaço na agremiação. Além de contar com militantes aguerridos, a esquerda do Partido Democrata tem quadros ascendentes, como as deputadas em início de mandato Alexandria Ocasio-Cortez e Ilhan Omar.

O grupo tem se destacado na oposição ao governo Trump e apresentado propostas inovadoras, como a taxação de grandes fortunas, a universalização do sistema de saúde (Medicare for All) e um plano de combate às mudanças climáticas (Green New Deal). Algumas destas medidas têm o apoio de candidatos fortes nas primárias democratas, como Bernie Sanders e Elizabeth Warren.

Até agora, porém, Biden não deixou claro quais são suas propostas de campanha para além da defesa do legado dos anos Obama. Caso falhe em apresentar ideias novas, Biden corre o risco de ser visto pelo eleitorado democrata como uma mera reedição da candidatura de Hillary Clinton, derrotada por Trump em 2016.

De fato, ser um representante da política tradicional parece ser um revés para Biden em um momento em que as bases do partido exigem renovação nas estruturas de poder dos Estados Unidos.

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