Uber chega à Bolsa de NY com valor de mercado de US$ 82 bi

Em uma das mais aguardadas aberturas de capital dos últimos anos, a Uber Technologies definiu nesta quinta (9) o preço para sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em US$ 45 por ação. 

O valor ficou quase na ponta mais baixa da faixa de flutuação anunciada, em razão dos mercados instáveis e da abertura de capital insatisfatória de sua principal rival, a Lyft.

Com ações cotadas esse preço, a Uber, que definira uma faixa de preços entre US$ 44 e US$ 50 por ação para seu IPO, levanta US$ 8,1 bilhões em capital e chega nesta sexta (10) à Bolsa de Nova York com valor de mercado de US$ 82 bilhões. 

É a maior abertura de capital nos EUA desde o IPO do Alibaba, em 2014. Ainda assim, o valor fica abaixo da meta de até US$ 100 bilhões com que a empresa trabalhava no passado.

Não é certo que o mercado receba as ações da Uber calorosamente. A Lyft, principal rival da Uber, vem enfrentando sérios problemas desde a abertura de seu capital, em março. As ações da empresa estão sendo negociadas 20% abaixo de seu preço de IPO. 

Atentos a isso, e a oscilações do mercado nos últimos dias, a Uber e seus bancos decidiram adotar uma abordagem conservadora para definir o preço de lançamento, depois de duas semanas de “roadshows” [apresentações] e conversas com investidores. 

Havia demanda pelas ações da empresa a preços mais altos, mas a Uber quer colocá-las nas mãos do maior número possível de investidores institucionais, porque eles se interessam mais pelo longo prazo do que os fundos de hedge e investidores de varejo, segundo as fontes.

Os potenciais investidores também expressaram preocupação com a possibilidade de que os acionistas existentes da Uber, que acumularam grandes lucros hipotéticos em razão da explosão do valor da startup criada dez anos atrás, encontrem maneiras de contornar um sistema que os impede de vender suas ações por mais seis meses.

Antes do IPO da Lyft, o investidor George Soros adquiriu grande participação na companhia que pertencia a outro investidor bilionário, Carl Icahn. Uma operação de hedge que Soros montou antes de comprar as ações pode ter contribuído para a pressão de venda sobre as ações da Lyft. 

De fato, a Uber acrescentou à documentação sobre seu IPO, como fator de risco, a possibilidade de que os acionistas existentes se envolvam, em “vendas, vendas a descoberto ou transações de hedge... quer acreditemos que elas estão proibidas, quer não”.

A Uber se destaca entre as empresas de tecnologia de capital fechado que levantaram grandes quantias no mercado privado, sob avaliações generosas. Os esforços de capitalização da empresa superaram o de todas as demais startups nos EUA e atingiram um valor de quase US$ 20 bilhões, em ações e títulos de dívida.

Por isso, muitos dos grandes compradores de ações em IPOs de Wall Street já despejaram somas generosas na companhia, o que poderia desestimulá-los de adquirir mais ações no IPO. 

Os fundos da administradora de investimentos BlackRock, por exemplo, já detêm 9,8 milhões de ações da Uber, avaliadas em mais de US$ 400 milhões, de acordo com documentos encaminhados às autoridades financeiras.

Traduzido do inglês por Paulo Migliacci

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