Três obras para pensar sobre a escravidão

Romance de popularidade mundial no século 19, “A Cabana do Pai Tomás” foi visto ora como libelo anti-escravista, ora como expressão de sentimentalismo paternalista que reduziu os escravizados à caricatura do negro simplório e submisso. Essa caprichada edição do clássico da norte-americana Harriet Beecher Stowe (1811-1896) traz seleção de textos de época, mostrando as reações discrepantes (muitas delas misóginas) que o livro provocou, inclusive no Brasil pré-abolição. Em tempos de “lugar de fala”, reabre 
a discussão sobre um romance amado pelo cristão anarquista Tolstói e odiado pelo dramaturgo e ativista negro James Baldwin.

A Cabana do Pai Tomás. Autora: Harriet  Beecher  Stowe. Tradução: Bruno Gambarotto. Editora: Carambaia (2018, 704 págs., R$ 163,90)

 

Livro

Alegoria da reação
Prêmio Pulitzer de 2017, o nova-iorquino Whitehead escreveu a antítese de “A Cabana do Pai Tomás”. O título de seu romance (mantido em inglês na edição brasileira) remete à denominação metafórica da rede clandestina que ajudava escravos a fugirem dos latifúndios dos EUA. Aqui, ela se transforma numa ferrovia subterrânea real, único elemento fantasioso nessa alegoria da reação dos afrodescendentes aos supremacistas brancos.

The Underground Railroad – Os Caminhos para a Liberdade. Autor: Colson  Whitehead. Tradução: Caroline Chang. Editora: Harper Collins (2017, 316 págs., R$ 29,90)

 

Filme

Violência austera
Na Minas Gerais rural de 1821, a morte no parto da mulher de um senhor de escravos desencadeia uma teia de microrrelações marcadas por exploração do trabalho, dominação sexual, estupro –e pela estética austera, coerente com uma violência que calava oprimidos e embrutecia opressores.

Vazante. Direção: Daniela Thomas. Elenco: Adriano Carvalho, Sandra Corveloni, Luana Nastas. Produção: Cisma/Ukbar/Dezenove (2017). No Vivo Play

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