Tropeços de Bolsonaro abalam confiança do mercado e ampliam poder de fogo do Congresso

Sem venda nos olhos Os tropeços de Jair Bolsonaro começaram a abalar a confiança de grandes investidores nacionais em sua gestão, o que ampliou a sensação do Congresso de que ou o presidente se rende a um pacto político, ou terá de se habituar com a ideia de levar o mandato aos trancos e barrancos. Nos últimos dois dias, dirigentes de bancos e corretoras sondaram pessoalmente partidos alinhados ao Planalto sobre as chances de a reforma da Previdência deslanchar. Os relatos não foram alvissareiros.

O cara A sensação de que Bolsonaro não tem condições de coordenar a agenda do governo ampliou a pressão do mercado sobre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Dia D Maia esteve nesta quinta (7) com Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Segundo aliados, a conversa foi boa, mas não definitiva. O próximo passo é levar dirigentes de outras siglas à mesa de negociações.

Minhas armas Analistas do mercado dizem que, se a montagem das comissões na Câmara na semana que vem for malsucedida, vai haver repique no dólar e na Bolsa.

Por partes A equipe econômica estuda enviar a proposta de reforma para os militares fatiada em cinco projetos.

Dividir holofotes O presidente da Câmara vai instalar comissão para discutir o pacote anticrime de Sergio Moro, mas determinou que o colegiado funcione em parceria com o criado por Dias Toffoli no Conselho Nacional de Justiça. Este é chefiado por Alexandre de Moraes, autor de um projeto anterior que endurece a legislação penal.

Errou a mira Não surtiu o efeito desejado a tentativa de minimizar em uma live, nesta quinta (7), a fala de Bolsonaro de que só há democracia se as Forças Armadas quiserem.

Ops! Ao tentar explicar  o que disse o presidente, o general Augusto Heleno (GSI) afirmou que ele se referia ao fato de que militares são determinantes para manter regimes, mas listou como exemplo as ditaduras de Cuba e Venezuela.

Prioridades Na live, Bolsonaro falou 2min24s sobre lombadas eletrônicas, 1min43s sobre cartilhas de saúde que quer recolher por reprovar desenhos de camisinha e vulva, e 1min40s sobre Previdência.

Dose dupla Movimentos sociais vão tentar repetir nas manifestações marcadas para este 8 de março, Dia Internacional da Mulher, os protestos registrados contra Bolsonaro no Carnaval. Atos sob este mote foram agendados em todas as capitais. A reforma da Previdência também está na pauta.

Dupla não, tripla Novas marchas estão previstas para a próxima semana, quando o assassinato de Marielle Franco vai completar um ano.

Entrelinha Em decisão publicada na quarta (6), Edson Fachin reafirmou posição do STF de que é a União quem determina a destinação de valores recuperados pela Lava Jato. O ministro externou o entendimento no momento em que a força-tarefa de Curitiba tenta pôr de pé uma fundação com R$2,5 bilhões.

Chave do cofre O presidente da Ajufe, Fernando Mendes, diz que a criação de uma entidade é boa ideia, mas defende que o fundo com os recursos seja vinculado ao Conselho Nacional de Justiça e não ao Ministério Público. Para ele, “o CNJ seria o órgão responsável pelo aparelhamento da Justiça de modo mais amplo”.

Supetão Integrantes do Ministério Público Federal dizem que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, foi pega de surpresa pelo pedido para defender o afastamento de Gilmar Mendes do caso do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza. Até a noite desta quinta, ela ainda não havia definido o que fazer.

Mexa-se Os novos relatos publicados pela Folha de participação do ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) no esquema de candidaturas laranjas do PSL em Minas ampliaram o desconforto de ala da sigla. Parlamentares cobram que ele seja afastado do comando do partido no estado.

TIROTEIO

Se Paulo Preto decidir abrir a boca e fizer uma delação premiada, vai faltar gaiola para os tucanos de São Paulo

Do senador Otto Alencar (PSD-BA), sobre a situação do ex-diretor da Dersa que foi condenado a 145 anos de prisão por desvio de dinheiro

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