Troca de ataques entre Israel e palestinos deixa mais de duas dezenas de mortos

A maior escalada de violência entre Israel e a faixa de Gaza desde novembro já deixou ao menos 23 mortos. Desde sexta (3), mais de 600 foguetes foram disparados do território palestino em direção ao israelense, segundo o exército de Israel.

O país revidou com bombardeios —também segundo as Forças Armadas, mais de 260 alvos pertencentes a grupos militantes de Gaza foram atacados. Autoridades de Gaza afirmam que os ataques aéreos e de artilharia israelense já vitimaram 27 pessoas, dos quais 14 civis. 

No domingo (5), o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ordenou que as Forças Armadas do país continuassem seus "ataques em massa" contra alvos do Hamas e da Jihad Islâmica na faixa de Gaza.

"Instruí o exército a continuar seus ataques em massa contra elementos terroristas da faixa de Gaza, e ordenei reforços com tanques, artilharia e tropas", disse Netanyahu no começo do conselho semanal de ministros. No sábado ele anunciou que se reuniria com autoridades de segurança do país.

Os palestinos dispararam contra locais no sul e no centro de Israel. Ao menos 150 mísseis foram interceptados pela defesa antimísseis de Israel, e uma grande parte deles atingiu áreas desabitadas.

Um foguete que atingiu uma casa em Ascalão, no sul de Israel, matou um homem de 58 anos, segundo a polícia. Esta foi a primeira morte civil israelense desde a Guerra de Sete Semanas em Gaza, em 2014.

Hamed Ahmed Al-Khodary, um dos comandantes do movimento radical Hamas, que governa a faixa de Gaza, foi morto por um ataque israelense. Os militares disseram que ele era responsável pela transferência de fundos do Irã para facções armadas em Gaza. O Hamas confirmou que Khodary foi morto.

No final do domingo (5), o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, divulgou um comunicado dizendo que o grupo não estava em busca de um conflito maior e ofereceu a possibilidade de um cessar-fogo, embora sirenes alertando para foguetes continuassem a soar nas cidades israelenses durante a noite.

Como resultado dos conflitos, Israel interrompeu o fornecimento de seu principal campo de gás natural. A plataforma de produção offshore do campo de Tamar está ao alcance de foguetes palestinos. Israel também parou as importações de combustível em Gaza através da passagem principal de Kerem Shalom.

O aumento da tensão na região começou ainda na sexta-feira (3), quando militantes palestinos feriram dois soldados israelenses próximos da fronteira, o que fez Israel realizar um primeiro ataque contra a faixa de Gaza. A troca de ataques pôs fim ao cessar fogo temporário que vigorava na região.

A Jihad Islâmica reivindicou o disparo de uma parte desses foguetes e disse que continuaria atacando. Em um vídeo transmitido por redes sociais, o braço armado do grupo Hamas ameaçou atacar vários alvos estratégicos de Israel, como o Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv.

Em Bruxelas, a União Europeia pediu o "cessar imediato" dos disparos.

O enviado da ONU encarregado do conflito israelense-palestino, Nickolay Mladenov, pediu "a todas as partes que acalmem a situação e retornem ao entendimento dos últimos meses".  O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o lançamento de foguetes contra Israel e pediu a todas as partes que "exercitem a máxima contenção". 

Por sua vez, os Estados Unidos disseram que apoiam o "direito" de Israel à "legítima defesa".

A Turquia falou de "agressividade sem limites". O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, afirmou que as forças israelenses atacaram um prédio em Gaza onde estão localizados os escritórios da agência de notícias estatal Anadolu, e acrescentou que os ataques foram um crime contra a humanidade.

Segundo a Anadolu, a equipe da agência evacuou o prédio pouco antes do ataque, que foi precedido por uma advertência. Neste contexto, Israel anunciou no sábado o fechamento dos pontos de passagem da fronteira de Gaza e o fechamento das áreas pesca na costa do território.

A escalada dos conflitos acontece pouco antes do mês sagrado para os islâmicos, o Ramadã, que começa nesta segunda (6), e do feriado da independência de Israel, que se estende de quarta-feira (8) a quinta (9). Em duas semanas, Israel também sediará o concurso de música pop Eurovision em Tel Aviv, alvo de um ataque com foguetes em Gaza em março. 

Desde 2008, a faixa de Gaza viu três conflitos de larga escala entre o Hamas e Israel e o temor é que a troca de ataques atual leve a um quarto confronto.

No final de março, sob os auspícios do Egito e da ONU, um cessar-fogo foi negociado, anunciado pelo Hamas, mas nunca confirmado por Israel. Isso permitiu manter relativa calma durante as eleições legislativas israelenses de 9 de abril.

Mas na terça-feira (30), Israel reduziu a zona de pesca autorizada na costa de Gaza depois que militantes palestinos lançaram um foguete em seu território. O foguete caiu no Mediterrâneo. O exército israelense acusou a Jihad Islâmica, um grupo aliado do Hamas.

Uma delegação do Hamas liderada por seu líder em Gaza, Yahya Sinwar, foi para o Cairo na quinta (2) discutir com autoridades egípcias meios de preservar a trégua.

Cerca de dois milhões de palestinos vivem em Gaza, cuja economia sofreu anos de bloqueios israelenses e egípcios, bem como recentes cortes de ajuda externa e sanções da Autoridade Palestina, rival do Hamas na Cisjordânia.

Israel diz que seu bloqueio é necessário para impedir que armas cheguem ao Hamas, com o qual combateu três guerras desde que o grupo assumiu o controle de Gaza, em 2007, dois anos depois que Israel retirou seus colonos e tropas da região. 

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