Tempestade Helena e o maior mar do ano em Nazaré

Posted By origemsurf on fev 14, 2019 in Destaque, Entrevistas |

Portugal – 1 de fevereiro de 2019. Todos os jornais do país noticiavam a chegada de um temporal devastador, nomeado Tempestade Helena. A previsão era de ondas gigantes e vento extremamente agressivo com rajadas de até 110km/h

O Instituto Português de Mar e Atmosfera (IPMA) lançou alerta vermelho para vários pontos da costa. “A agitação marítima na costa ocidental deverá ter altura significativa de cinco a sete metros e, temporariamente, a norte do Cabo Raso, sete a oito metros durante a tarde e início da noite, e altura máxima que poderá atingir 15 metros”, informava o comunicado.

O swell (ondulação) XXL, causado por Helena, assumiria dimensões ainda mais assustadoras em Nazaré, a mãe das ondas gigantes.

No dia 30, os bigriders (surfistas de ondas grandes) brasileiros Carlos Burle, Lucas Chumbo, Ian Cosenza e ‘Alemão’ de Maresias estavam na Galícia (Espanha), para o evento de tow-in (surfe sem remada) “Lip Chain Illa Pancha Challenge”, no qual Lucas e Ian consagraram-se campeões ( e ‘Alemão’ lesionou o ombro). Os atletas, que já acompanhavam o gráfico das ondas e sabiam das dimensões do fenômeno, foram direto para Nazaré.

Conversei com o experiente surfista, conhecido como ‘Alemão’ de Maresias, que contou sobre os detalhes desse dia histórico.

De “nem tão grande” a “gigantesco”

Nas primeiras luzes da manhã o mar não estava tão grande. Às 7h, as ondas atingiam a “casa” dos dois, três metros, mas em poucas horas o mar reagiu. “Com o aumento do período e a intensidade do vento, que é o que faz as ondas ficarem maiores, o mar dobrou de tamanho”, conta Alemão.

Segundo o surfista, das 7 às 10h, já havia ondas de três a cinco metros e das 10h às 14h, ondas de mais de dez metros de altura. “O mar ficou gigantesco, super difícil e com muito vento, mas a nossa ideia era justamente treinar nessas condições”, explica o surfista que encarou a aventura, aparentemente, machucado.

Devido à tempestade Helena, naquele dia, a Marinha tinha proibido qualquer prática aquática, mas quase no final da tarde os bigriders brasileiros, que se responsabilizaram pela integridade das próprias vidas, conseguiram autorização especial para poder sair do Porto de Abrigo de Nazaré e encarar as ondas.

“A gente sabia do grau de dificuldade e dos riscos que íamos enfrentar ali, mas mesmo assim tínhamos total confiança e controle da situação”.

A vitória do home: Helena vs. bigriders

Os brasileiros foram os únicos a entrar no mar aquele dia, em que as condições estavam muito difíceis. Se por um lado o vento colaborava com a grandiosidade das ondas, por outro, o tamanho excessivo dificultava a prática.

No período de uma hora, antes da noite cair, os bigriders tentaram pegar duas ondas. A falta de tempo também foi fator de dificuldade e acabou impedindo mais tentativas.

No entanto, esse fenômeno está longe de acontecer todos os dias.  As condições que formam as ondas gigantes de Nazaré são muito raras e só o fato de atletas terem ímpeto para enfrentá-las com confiança diante de uma violenta tempestade, é, sem dúvidas, uma grande conquista.

“Esse foi o maior swell do ano e talvez um dos maiores da temporada. É uma experiência muito importante para cada um de nós, para poder enfrentar outras condições desse jeito e ter mais segurança para encarar as ondas gigantes”, conclui Alemão.

Como nunca, esses atletas profissionais “casca grossa” (destemidos) seguem elevando o limite e o nível do esporte. Essa é mais uma grande vitória pro Brasil, pro surfe e, principalmente, pro homem.

por Mariana Broggi, direto de Portugal

Créditos de imagem: Mari Broggi.

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