Semenya perde, e controle de testosterona para corredoras é mantido

A atleta sul-africana Caster Semenya perdeu seu recurso perante a Corte Arbitral do Esporte (TAS, na sigla em inglês) contra as regras determinadas pela federação internacional de atletismo (IAAF) para controle de testosterona de corredoras.

Em decisão divulgada nesta quarta (1º), por 2 votos a 1, a corte máxima do esporte manteve o entendimento da federação de que mulheres que têm níveis elevados do hormônio, ainda que produzido naturalmente, devem tomar remédios para reduzi-lo a fim de participarem de algumas provas femininas, como os 800 m, onde Semenya foi dominante nos últimos anos.

Para competir entre as mulheres, a atleta deve apresentar um limite de testosterona de 5 nanomols por litro de sangue por um período de pelo menos seis meses.

De acordo com a IAAF, a maioria das mulheres, incluindo as atletas de elite, apresenta níveis de 0,12 a 1,79 nanomol por litro de sangue, enquanto entre os homens a presença normal é de entre 7,7 e 29,4 nanomols.

A regra do Comitê Olímpico Internacional para mulheres transexuais, que permitiu que a jogadora de vôlei Tifanny atuasse na Superliga, prevê um limite de 10 nanomols. A expectativa de especialistas na área é que essa decisão impacte também a discussão sobre a participação de pessoas transgênero no esporte.

O atletismo vem passando por reviravoltas sobre a questão há anos, especialmente quanto Caster Semenya passou a ser dominante nos 800 metros, prova na qual ela conquistou duas medalhas de ouro olímpicas (2012 e 2016) e três em campeonatos mundiais (2011, 2013 e 2017).

A sul-africana é a mais famosa das atletas com níveis naturalmente elevados de testosterona, uma condição conhecida como hiperandrogenismo.

Em sua decisão, o CAS afirma que por mais que a regulação seja discriminatória, "essa discriminação é é um meio necessário, razoável e proporcional de alcançar o objetivo da IAAF de preservar a integridade do atletismo feminino".

A entidade informou que a regulamentação valerá a partir de 8 de maio. Portanto, a próxima etapa da Liga Diamante, em Doha, na sexta (3), não será afetada pelo julgamento.

Por mais que a decisão tenha sido uma derrota para Semenya, a corte ressaltou a dificuldade de se estabelecer o controle hormonal e a preocupação com os efeitos colaterais do tratamento.

Recomendou ainda que a federação não aplique a restrição para a prova de 1.500 m até que haja mais evidências de que existe vantagem para mulheres com hiperandrogenismo nessa disputa.

A IAAF defende a restrição em provas de 400 m a 1.500 m. Nesta última, Semenya foi medalhista de bronze no último Mundial.

"Eu sei que as regulações da IAAF sempre se dirigiram a mim especificamente", disse a corredora em um comunicado divulgado por seus advogados. “Por uma década, a IAAF tentou me atrasar, mas isso na verdade me fortaleceu. A decisão do CAS não me impedirá. Mais uma vez, vou superar e continuar a inspirar jovens mulheres e atletas na África do Sul e em todo o mundo."

A CAS informou que divulgará nos próximos dias mais detalhes sobre a decisão. Por mais que o corte seja a última instância da Justiça esportiva, as partes podem recorrer ao Tribunal Federal da Suíça em até 30 dias.

Com agências de notícias

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