Saiba como investir internacionalmente e com proteção

Com a queda da taxa básica de juros, com os receios sobre a evolução da economia e com a volatilidade do câmbio, devido às incertezas pela eleição presidencial, a diversificação internacional tem despertado o interesse de brasileiros. No entanto, muitas instituições exigem um mínimo para investimento no exterior, que só se torna vantajoso para valores superiores a US$ 50 mil. Mas com apenas R$ 5 mil brasileiros podem ter acesso a produtos internacionais em condições ainda melhores.

Se você pretende investir no exterior e tem perfil moderado, possivelmente montaria uma carteira distribuída entre classes de ativos como: 60% em renda fixa, 30% em ações e 10% em investimentos alternativos. Entretanto, montar esse portfólio não é simples.

Investidores possuem grande dificuldade em montagem de uma carteira mesmo com os poucos produtos existentes no Brasil. Como no exterior a diversidade de investimentos é muito maior, essa dificuldade se elevaria significativamente. Além disso, se já é difícil decidir o melhor momento para rebalancear um portfólio no Brasil, imagine no exterior onde você possui menos informação e formas de acompanhamento.

Toda a complexidade de montagem da carteira, valor mínimo para investir, burocracia de remessa de câmbio, declaração para o Banco Central, recolhimento de DARFs mensais para pagamento de impostos e declaração de IR no início de cada ano pode ser evitada com investimento em um tipo de produto no Brasil. E ainda é possível ter outros benefícios como proteção de perda de principal e alavancagem dos rendimentos. Essas vantagens podem ser obtidas por meio de Certificados de Operações Estruturadas (COEs).

De forma análoga aos fundos de investimentos, o COE é um veículo para o investidor acessar diversas classes de ativos. Assim como existem fundos interessantes e outros ruins em termos de retorno e risco, o mesmo ocorre com o COE. Portanto, o investidor deve escolher com cuidado.

Exemplo

A seguir descrevo um exemplo de COE que já foi emitido pelo Banco Morgan Stanley.

O Morgan Stanley produz um índice que realiza o balanceamento diário entre 21 ETFs (Fundos de Índices negociados em bolsa), divididos nas mesmas classes de ativos mencionadas acima e que mantém o risco da carteira em um determinado nível. Esse índice é chamado Índice Morgan Stanley MAP Trend 6%.

Segundo dados disponíveis no site do indicador, um investimento nele nos últimos 14 anos teria rendido 132,2% até agosto de 2018. Isso significa uma rentabilidade de 6,2% ao ano que para padrões internacionais é bastante interessante.

Evolução do Índice Morgan Stanley MAP Trend 6%, produzido pelo Banco Morgan Stanley.

Se você tivesse enviado os recursos para o exterior e conseguisse realizar os mesmos rebalanceamentos diários, teria um retorno em reais de 425,5%, considerando que teria ganhado a valorização do dólar. Entretanto, esse retorno não considera os custos de transação que você teria de pagar caso fosse realizar você mesmo.

O COE emitido pelo Morgan Stanley no passado tinha a vantagem de multiplicar o retorno do índice por cinco e ainda garantia a proteção do principal. Avaliando em janelas de cinco anos, essas características fizeram com que o produto fosse melhor que enviar os recursos para o exterior em mais de 90% das vezes.

O gráfico abaixo mostra o retorno de um período de investimento de cinco anos nesse COE ou replicando a estratégia no exterior.

Rentabilidades em reais e em janelas de 5 anos do COE sobre o Índice Morgan Stanley MAP Trend 6%, e da replicação desse índice no exterior.

Perceba que, no período analisado, o retorno desse COE nos intervalos de cinco anos ficaria quase sempre acima de 100%. Enquanto a replicação do índice enviando os recursos para fora do país sofreu com a variação cambial e fez com que a rentabilidade de cinco anos fosse em alguns momentos negativa. Portanto, o câmbio, que parece um atrativo para muitos investidores, adicionou muita volatilidade.

 

Reforço que para a alternativa de remeter os recursos para fora do país e replicar o índice, não foram considerados os custos de transação que, provavelmente, eliminariam os poucos instantes de vantagem sobre a aplicação no COE.

 

Procure entender mais sobre a alternativa de diversificação por meio de COEs e aproveite seus benefícios.

Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.

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