Rússia afirma que ajuda dos EUA à Venezuela é 'pretexto para ação militar'

A Rússia acusou, nesta sexta-feira, os Estados Unidos de usar a ajuda humanitária enviada à Venezuela como "um pretexto para uma ação militar" para derrubar o presidente Nicolás Maduro.

O ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que os EUA e seus aliados na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estão discutindo formas de armar a oposição venezuelana e que Washington está posicionando soldados e equipamentos nos arredores do país sul-americano.

"Há informações de que empresas norte-americanas e aliados dos Estados Unidos na Otan estudam a compra de uma importante quantidade de armas e munições de um país do leste da Europa, com o objetivo de entregar-las para as forças de oposição da Venezuela", disse Maria Zajarova, porta-voz da diplomacia russa.

Estas armas seriam metralhadoras de grosso calibre e lançadores de granadas, segundo a porta-voz.

O envio de mantimentos foi classificado como "uma perigosa provocação, de grande magnitude, inspirada e dirigida por Washington", por Zarajova. Para ela, isso cria "um cômodo pretexto para uma ação militar".

Moscou apoia o presidente venezuelano Nicolás Maduro e pede a Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por quase 50 países, que negocie para solucionar a crise.

O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, anunciou na quinta-feira (21) que Rússia e Venezuela teriam reuniões em diferentes níveis para abordar a crise que afeta o país sul-americano.

O ministro venezuelano da Indústria e Produção Nacional, Tareck El Aissami, visita nesta sexta-feira (22) Moscou para uma reunião com o vice-primeiro-ministro russo, Yuri Borisov.

A China também questionou a entrega de comida e remédios. "Se a chamada ajuda humanitária chegar a ser enviada à força para a Venezuela, poderá desencadear um conflito e provocar graves consequências", disse Geng Shuang, porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China. "Isso é o que ninguém quer ver".

"A China é contra uma intervenção militar na Venezuela e contra qualquer comportamento que possa causar uma escalada [de tensões] ou uma tormenta política", disse Shuang.

O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido por 50 países (incluindo o Brasil) como presidente interino, se comprometeu a fazer chegar "de uma forma ou de outra" a ajuda humanitária ao país a partir de diversos pontos na fronteira, neste sábado (23), apesar dos esforços militares comandados por Maduro para bloquear a entrada de suprimentos. O governo teme que a entrega seja um disfarce para facilitar uma intervenção estrangeira.

O envio de ajuda para os venezuelanos que sofrem com a crise econômica se tornou um foco de luta de poder entre Maduro e Guaidó. O ditador ordenou aos militares que impeçam a entrada dos mantimentos, enquanto o opositor pede ao Exército que libere a passagem dos carregamentos. As Forças Armadas seguem leais a Maduro. 

A fronteira entre Brasil e Venezuela foi fechada nesta quinta (21), por ordem do ditador. 

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