Rivais nas oitavas, Uruguai e Portugal se entregam a atacantes
O encontro entre Uruguai e Portugal pelas oitavas de final da Copa do Mundo, neste sábado (30), às 15h, em Sochi, vai provocar o confronto de dois times construídos para alimentar seus atacantes.
Não que os treinadores Óscar Tabárez, do Uruguai, e Fernando Santos, de Portugal, tenham deixado de lado a preocupação com seus sistemas defensivos.
Mas equipes que contam com jogadores como Suárez, 31 anos, Cavani, 31, e Cristiano Ronaldo, 33, têm como missão liberá-los para fazer o que mais sabem: gol.
É exatamente isso que tem ocorrido na Rússia. Os mapas de calor dos três primeiros jogos de Cristiano Ronaldo no Mundial mostram como ele está sempre procurando os espaços mais curtos em direção ao gol.
No tradicional esquema 4-4-2 de Fernando Santos, ele é um atacante solto e livre. Que aparece pela esquerda e pela direita. Mas também pode atuar pelo centro. Dessa forma, já marcou quatro vezes na Copa. Tem um gol a menos do que o artilheiro da competição, Harry Kane, da Inglaterra.
Por causa da sua eficiência nos duelos aéreos, Cristiano Ronaldo também é bem usado quando a saída de bola pelo chão fica complicada. Os lançamentos longos do goleiro Rui Patrício sempre procuram a cabeça do artilheiro. Foi assim contra a Espanha, no empate em 3 a 3.
"Se temos o melhor jogador do mundo [Cristiano Ronaldo], dependemos dele. Temos que jogar como uma equipe. Se Cristiano Ronaldo jogar sozinho, Portugal vai perder", afirmou o técnico português.
"O maior problema de atuar contra Cristiano Ronaldo é que, além de ser um grande jogador, é um líder do time", disse o uruguaio Tabárez.
"Estamos preparando uma estratégia coletiva para limitar sua atuação ao máximo", conclui o técnico.
A equipe sul-americana conta com sua eficiência na defesa para brecar o melhor do mundo. Na primeira fase, os uruguaios foram os únicos que não tomaram gols na Rússia.
A base defensiva sólida permite ao treinador montar sua equipe em função da excelente dupla ataque que ele tem no elenco. Com um meio-campo mais habilidoso do que em outras edições do torneio, a estratégia uruguaia é tentar jogar de forma vertical.
A seleção procura tocar e tocar a bola para armar jogadas e servir com eficiência a dupla Suárez e Cavani.
Dos cinco gols da equipe, dois foram marcados por Suárez. Já Cavani, companheiro de Neymar no PSG, anotou uma vez. O zagueiro Giménez fez o outro.
O inédito confronto em Copas do Mundo entre uruguaios e portugueses vai mostrar até que ponto o pragmatismo da seleção europeia demonstrado até agora na Rússia é suficiente para parar Cavani e Suárez.
Na campanha vitoriosa da Eurocopa de 2016, Portugal levou cinco gols e marcou nove, em cinco partidas. Em três jogos na Rússia, já sofreu os mesmos cinco gols.
Números que desagradam a Fernando Santos, fã de jogos monótonos e seguros.
O confronto deste sábado será um duelo entre jogadores que se acostumaram a se enfrentar em clubes.
Cristiano Ronaldo vai ter pela frente o também capitão Godín, do Uruguai, que defende o Atlético de Madri.
Os dois acumulam uma série de confrontos na Espanha. Foram 28 duelos entre Real Madrid e Atlético, com 10 vitórias para o time de Ronaldo, ante 8 da equipe defendida pelo uruguaio.
O atacante português marcou 19 gols nos 28 dérbis de Madri em que se enfrentaram.
Os uruguaios têm entre os 23 atletas no Mundial da Rússia dois defensores que atuam em Portugal: Coates e Maxi Pereira.
E Luis Suárez terá pela frente o zagueiro Pepe. Os dois também se enfrentaram muitas vezes na Espanha, nos clássicos entre Barcelona e Real Madrid.
"Muitos dos futebolistas [de Uruguai e Portugal] se conhecem até mais do que eu os conheço", afirmou Tabárez, nesta sexta-feira (29).