'Quem deu informação equivocada foi o compositor torturado', diz Haddad sobre acusação contra Mourão

O candidato Fernando Haddad (PT) negou ter dado informação equivocada quando declarou na manhã desta terça (23) que o general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro (PSL), foi um torturador.

“Quem deu informação equivocada não fui eu, foi o compositor que foi torturado, você deveria respeitá-lo”, disse ele à Folha após reunião com o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta.

O presidenciável havia declarado que o general foi um torturador na época da ditadura militar brasileira, que vigorou de 1964 a 1985, em sabatina dos jornais O Globo e Valor Econômico e da revista Época. 

Haddad se referiu ao relato feito no sábado (20) pelo cantor Geraldo Azevedo, que disse em show na Bahia que foi preso e torturado durante o regime militar. Azevedo afirmou que Mourão era um dos torturadores do local onde ele ficou encarcerado por 41 dias.

O cantor pernambucano, contudo, foi preso em 1969 e o hoje general da reserva Mourão só ingressou no Exército em 1972.

Posteriormente, o artista emitiu nota reconhecendo que pode ter se confundido e pedindo desculpas pelo transtorno. Segundo a assessoria do petista, o compositor também ligou para se desculpar.

Mais cedo, Haddad havia comentado sobre o episódio: "Dei ao público uma informação que recebi de uma fonte fidedigna. Me solidarizo com ele porque toda pessoa que foi torturada está sujeita a este tipo de confusão. Isso não tira o fato que tanto Mourão quanto Bolsonaro tem Ustra [Carlos Alberto Brilhante, torturador] como referência", disse. 

Após a declaração, Mourão prometeu processar tanto o petista quanto o cantor. "Vou tomar medida sim, vou enfiar processo nesses caras todos. Eu tenho filho e tenho neto. Os caras têm que pensar duas vezes antes de falarem bobagem”, desse ele à Folha.

“O cara solta uma mentira num lugar e o Haddad compra. Como é que você pode ser presidente do Brasil uma pessoa que não distingue o verdadeiro do falso?", afirmou Mourão. “É só olhar a minha idade e ver que em 1969 eu tinha 16 anos de idade. Eu era interno no colégio militar em Porto Alegre”, contestou.

DIA NO RIO

A cinco dias do segundo turno, Haddad passou esta terça-feira em intensa agenda no Rio de Janeiro. De manhã foi à sabatina e depois participou de um encontro com evangélicos em um hotel em Copacabana, na zona sul.

De tarde, foi recebido por movimentos sociais e moradores no Centro de Artes da Maré, complexo de favelas na zona norte, onde segurou placas de rua simbólicas com o nome de Marielle Franco, vereadora assassinada em março que nasceu na mesma comunidade.

Placas como essas foram destruídas durante uma manifestação em Petrópolis (RJ) no fim de setembro pelos deputados eleitos Rodrigo Amorim e Daniel Silveira, ambos do PSL, que faziam na ocasião campanha ao Legislativo estadual e federal respectivamente.

Da Maré, Haddad seguiu para o encontro com Dom Orani, em Botafogo (zona sul), e firmou um compromisso “pela paz e contra a corrupção”.

O arcebispo, porém, havia declarado voto dias antes em Bolsonaro, que se comprometeu a lutar pela "família", a "inocência da criança em sala de aula", além de se posicionar contra o aborto e a legalização das drogas.

À noite, antes de se dirigir a um ato público nos Arcos da Lapa, no centro, se reuniu com a comunidade judaica na Associação Sholem Aleichem, onde evocou a tragédia do Holocausto para criticar a fama do adversário de incitar a violência. “Temos que cortar isso [o ódio] pela raiz”, afirmou.

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