PSDB considera indevidas comemorações sobre golpe de 64, diz Alckmin

A possibilidade de unidades militares comemorarem o golpe de 1964, como determinado pelo presidente Jair Bolsonaro, é considerada indevida pelo PSDB, segundo o presidente da legenda Geraldo Alckmin.

O ex-governador de São Paulo se posicionou em nota ao ser questionado pela Folha a respeito da posição do partido sobre a polêmica que se iniciou na segunda-feira (25). 

Na ocasião, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, afirmou que Bolsonaro mandou que o Ministério da Defesa faça "comemorações devidas" do dia 31 de março.

Em nome do partido, Alckmin disse que "a história brasileira não pode ser reescrita por governantes de plantão". 

"Tampouco se pode apagar a triste memória de tempos sombrios, que deixaram como saldo centenas de mortos ou desaparecidos, de acordo com relatório divulgado pela Comissão Nacional da Verdade divulgado em 2014, e permitiram que mais de mil presos políticos fossem submetidos à tortura", afirmou, na nota.

"Em respeito a todas essas vítimas do arbítrio e àqueles que lutaram pela redemocratização do país, o PSDB seguirá vigilante e de prontidão para denunciar qualquer flerte com regimes ditatoriais, sejam eles de esquerda ou direita."

A nota do PSDB segue o rastro de entidades que se manifestaram contra a determinação presidencial, como o Ministério Público Federal de 18 estados e do Distrito Federal e a organização Human Rights Watch.

No Distrito Federal, a Defensoria Pública da União pediu à Justiça que obrigue as unidades militares a se absterem de celebrar o movimento golpista.

Já um grupo que inclui vítimas e familiares de vítimas da ditadura militar pediram ao STF (Supremo Tribunal Federal) que suspenda a determinação.

Também pediu a proibição qualquer norma presidencial que obrigue órgãos públicos federais de comemorarem a data —ou, se já houver, alguma, "que sejam cassados os efeitos da ordem para que ela não seja cumprida".

Além do PSDB, partidos de esquerda se manifestaram sobre o episódio. Parlamentares do PT repudiaram a determinação. Em nota, o PSOL disse que a ordem de Bolsonaro é inaceitável. 

"O golpe militar de março de 1964 é uma das páginas mais nefastas da história do nosso país. Foi o mais grave ataque à democracia em toda a nossa história", afirmou o partido.

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