Professores, alunos e funcionários de universidades atacam 'tosca pregação autoritária' de Bolsonaro

Professores, estudantes e funcionários de universidades brasileiras divulgaram nesta quinta (18) um documento intitulado "Carta das Universidades pela Democracia". 

O documento foi assinado por mais de 450 professores, entre eles André Singer, Boris Fausto, Luiz Felipe de Alencastro, Dalmo Dallari, Fábio Comparato, José Gregori, Pedro Dallari, Laura Carvalho, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Luiz Gonzaga Belluzzo, Mario Scheffer, José Arthur Giannotti, Marilena Chauí, Marcos Nobre, Ruy Fausto, Roberto Schwarz e Alba Zaluar.

"Acima e além das divisões ideológicas, partidárias e filosóficas que nos separam, decidimos nos unir em defesa do bem maior que representa podermos resolver as nossas diferenças em paz, dentro do Estado de Direito, e no respeito absoluto pela opinião alheia", diz a carta. 

Entidades estudantis como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o DCE Livre da USP também estão entre os signatários.  

"Nós, professores, estudantes e funcionários das universidades brasileiras, desejamos, nesta hora perigosa, ressaltar que a democracia, o livre pensar, a autonomia do ensino, são cláusulas pétreas das quais não abriremos mão em nenhuma hipótese", segue o texto.

Confira abaixo a íntegra da carta:

"O Brasil atravessa, novamente, um daqueles momentos cruciais em que a consciência democrática da nação precisa levantar-se para afirmar os valores fundamentais da liberdade, da razão e dos direitos humanos. Ameaçada por uma tosca pregação autoritária, que não se peja em enaltecer a ditadura de 1964, a democracia duramente construída no país pode outra vez perecer, como aconteceu no período histórico ora elogiado por um dos candidatos à Presidência da República na eleição decisiva que se aproxima. Por isso, acima e além das divisões ideológicas, partidárias e filosóficas que nos separam, decidimos nos unir em defesa do bem maior que representa podermos resolver as nossas diferenças em paz, dentro do Estado de Direito, e no respeito absoluto pela opinião alheia.

A universidade conhece de sobra o horror das intervenções arbitrárias. Instituição cujos objetivos máximos são o cultivo e a transmissão da Inteligência, ela depende do livre curso das ideias, para realizar a contento a tarefa que lhe cabe. Os ares sombrios da intolerância sufocam a atividade universitária, que desde sempre na história resistiu às pressões do pensamento único.

O processo eleitoral em curso trouxe à tona fantasmas do passado. Palavras simpáticas a torturadores, sugestões de uso da violência contra adversários políticos, cogitações de golpe foram repetidas, para quem quisesse ouvir, pela chapa que terminou o primeiro turno em primeiro lugar. Os candidatos que as proferiram pretendem com elas intimidar os democratas e, quem sabe, preparar o terreno para aventuras de maior alcance contra o regime estabelecido na Constituição Federal aprovada em 1988.

Nós, professores, estudantes e funcionários das universidades brasileiras, desejamos, nesta hora perigosa, ressaltar que a democracia, o livre pensar, a autonomia do ensino, são cláusulas pétreas das quais não abriremos mão em nenhuma hipótese.

São Paulo, 18 de outubro de 2018."

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