Presença de LeBron James nos Lakers ainda causa estranheza

Já faz quase três meses que LeBron James assinou o contrato que o torna jogador do Los Angeles Lakers.

Três meses, tempo mais que suficiente para que os torcedores da NBA e mesmo a mídia noticiosa se preparassem.

Mas ainda assim pareceu estranho, quase chocante, vê-lo no centro de treinamento do clube na segunda-feira, falando pela primeira vez —diante de uma multidão de repórteres— como membro de sua nova equipe, vestindo o uniforme púrpura e amarelo do Lakers, camisa 23.

Era um evento de mídia, a apresentação oficial de James como jogador do Lakers —uma oportunidade para que ele se divertisse um pouco, se assim quisesse, e se pronunciasse publicamente sobre seus motivos para deixar o Cleveland Cavaliers pela segunda vez e aceitar o convite de um clube ao qual seu nome sempre esteve ligado nos boatos.

Em lugar disso, diante de uma massa de jornalistas em busca de sinais de empolgação profunda, e de novas percepções, James escolheu tratar o momento com simplicidade.

Ele passou 15 minutos sentado a uma mesa preta, segurando um microfone na mão esquerda, largado confortavelmente na cadeira.

James celebrou a história do Lakers, os 16 títulos do clube na NBA e os jogadores lendários que passaram por lá (um deles, Magic Johnson, estava ouvindo a entrevista atentamente, de um mezanino próximo). Ele falou de participar do processo —de fato, "processo" foi uma palavra que usou muitas vezes.

Pergunta: LeBron, como um jogador que carregou seus times a oito finais consecutivas na Conferência Leste, quais são as suas expectativas agora que chegou ao Oeste?

"Minha expectativa é a de tentar melhorar a cada dia", ele disse, em tom ponderado. "O que sei que posso trazer ao clube é meu compromisso para com a excelência a cada dia, do ponto de vista da atitude".

Pergunta: Você decidiu jogar aqui por causa da oportunidade de combinar esportes ao lado empresarial de Los Angeles?

"Minha decisão se baseou somente em minha família e no Lakers", ele disse. "Sou jogador de basquete. Jogo bola, é isso que faço. É para isso que vivo, e quando o faço no nível que costumo, tudo mais se resolve sozinho".

Questão: A esta altura de sua carreira, o que causa pressão?

"Nada", James respondeu. "Nada", ele repetiu, e depois fez uma longa pausa.

Houve mais perguntas, mas o resumo acima mostra como foi a entrevista.

James encerrou a coletiva e cumpriu diversos outros compromissos de mídia —falou a uma rádio local por alguns minutos, gravou um comercial de rádio para o clube, gravou uma entrevista com a ESPN.

Dezenas de fotógrafos e repórteres acompanham cada movimento, no roteiro de James.

Enquanto isso, os demais jogadores do Lakers se acomodavam para suas entrevistas. Veteranos recentemente contratados, como Rajon Rondo e Lance Stephenson. Os jovens talentos que jogaram pelo Lakers no ano passado —Lonzo Ball, Kyle Kuzma, Josh Hart.

Pouca gente parecia prestar atenção a eles. O show era de James, o que se repetirá por toda a temporada. Mas nenhum dos novos colegas de equipe parecia incomodado.

Na verdade, todos pareciam apreciar muito a oportunidade de jogar ao lado dele. Ou, no caso do treinador Luke Walton, a oportunidade de ajudar a orientar um time liderado por James.

Walton disse que as respostas monossilábicas de seu novo astro eram intencionais. Os treinos começaram na terça-feira (25). A temporada regular da NBA começa no mês que vem.

"Ele sabe que horas são", disse Walton, ex-jogador do Lakers na era de Kobe Bryant. "Está ditando o tom de que é era de começar a trabalhar. E com certeza está mostrando um comportamento parecido com alguns que vi no passado".

Um repórter perguntou a Walton a que jogador ele estava se referindo.

"Ronny Turiaf", brincou Walton, fazendo uma referência ao jogador mais brincalhão e mais efervescente do Lakers em 2008, quando o clube foi derrotado nas finais da NBA pelo Boston Celtics.

Foi o único e reluzente momento de leviandade do dia.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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