Peste suína já matou mais de 40 mil animais na China; Bélgica registra 2 casos

Seis semanas após o surgimento da peste suína africana na China, os cientistas estão correndo para identificar como o vírus mortal entrou no maior mercado de carne suína do mundo e se espalhou por fazendas a centenas de quilômetros de distância entre si.

Encontrar respostas é fundamental para impedir o aumento da propagação internacional da doença suína considerada a mais perigosa por pesquisadores russos. Desde o início de agosto, o vírus foi reportado em sete províncias chinesas, causando a morte de cerca de 40 mil suínos e ameaçando perturbar um setor de US$ 128 bilhões (R$ 528,6 bilhões). A doença também cresce na Europa, onde foram registrados os primeiros casos na Bélgica em 13 de setembro –a doença foi diagnosticada em dois javalis.

O vírus apareceu na União Europeia pela primeira vez em 2014, mas ficou restrito à região leste, como os Estados do Báltico, a Polônia e a Romênia. Na última quinta-feira (13), autoridades francesas afirmaram que os casos belgas representam uma disseminação sem precedentes da doença.

“Se houver um surto grave em uma área com grande densidade de criações de porcos, as consequências podem ser bastante significativas”, disse Justin Sherrard, estrategista de proteína animal do Rabobank em Utrecht. Ainda assim, “medidas de biossegurança parecem estar funcionando muito bem em grande parte da Europa”, disse.

Os casos belgas foram registrados a cerca de 60 quilômetros da Alemanha, maior produtora de carne suína do bloco, por enquanto imune à doença. O Ministério da Agricultura da Alemanha ressaltou o cumprimento rigoroso de medidas de biossegurança e informou que está finalizando um projeto de lei com o objetivo de combater um surto em javalis.

“Eu levo essa nova situação muito a sério”, disse a ministra da Agricultura da Alemanha, Julia Kloeckner, em comunicado. “A peste suína africana tem sido uma ameaça para a Alemanha e nossos preparativos para a crise estão em andamento.”

Sem vacina para proteger os animais,  pesquisadores afirmam que o vírus letal —capaz de sobreviver por mais de um ano em um presunto curado —provavelmente se espalhará rapidamente entre os 433 milhões de porcos da China e chegará a outros países, possivelmente até mesmo aos EUA.

Em relatório de março, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) concluiu que a doença provocaria “consequências devastadoras” para a saúde animal e para a segurança alimentar. Do país, o vírus poderia se espalhar pela Ásia, inclusive pela vizinha península coreana.

“O que estamos vendo por enquanto é apenas a ponta do iceberg”, disse Juan Lubroth, diretor veterinário da FAO em Roma, após reunião de emergência de três dias em Bangkok, neste mês. A doença “quase certamente” aparecerá em outros países, disse.

Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências Médicas Militares, em Changchun, disseram que o patógeno suíno das fazendas locais se equipara a uma cepa altamente virulenta que surgiu na Geórgia em 2007 e se espalhou pela Rússia e pela Estônia.

Isso os levou a especular que a doença, que não afeta seres humanos, pode ter sido introduzida por meio do comércio de suínos vivos com a Rússia e a União Europeia, ou com a importação e o descarte ilegal de produtos contendo carne de porco.

Cerca de 800 mil porcos foram abatidos na Rússia como parte das medidas adotadas para controlar mais de mil focos de surtos separados. A produção de carne de porco de quintal ou de pequena escala diminuiu quase pela metade, afirmaram pesquisadores do Centro Federal de Pesquisa em Virologia e Microbiologia da Rússia, em abril.

Em 2011, quando cerca de 12 mil porcos foram mortos com a doença, as autoridades estimaram que a peste poderia provocar prejuízo direto de até US$ 267 milhões (R$ 1,1 bilhão).

“A luta contra a doença não é um problema de saúde pública, mas uma questão de saúde animal e econômica”, afirmou a Agência Federal de Segurança da Cadeia Alimentar da Bélgica, na última quinta-feira (13). 

BRASIL

O Ministério da Agricultura informou nesta terça-feira (18) que vai intensificar a vigilância em aeroportos, terminais portuários e fronteiras para evitar que a peste entre no país.

"A preocupação é de que alimentos e bagagens contaminadas, provenientes das áreas afetadas pela peste suína africana, ingressem no país sem a devida fiscalização", disse a pasta em comunicado.

"A determinação é de que alimentos vindos dos países onde foram detectados focos da doença sejam incinerados", acrescenta o ministério.

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