Paraguaios vêm ao Brasil discutir preço de energia de Itaipu

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quarta-feira (31) que seu governo está disposto a "fazer justiça" em meio às discussões sobre um acordo energético com o Paraguai sobre a usina de Itaipu. 

"Nosso relacionamento com o Paraguai é excepcional, excelente. Estamos dispostos a fazer justiça nesta questão de Itaipu binacional que lá é importantíssima para o Paraguai e importante para nós", disse.

O país vizinho vem sofrendo pressão para alterar os termos de um acordo assinado com o Brasil em maio deste ano. O tema levou a uma crise política que já resultou na renúncia de quatro autoridades paraguaias. 
 

O presidente não deu detalhes de como o Brasil pretende proceder nas tratativas com o país vizinho, mas dirigiu elogios a Mario Abdo. 

"Ontem eu conversei com o [general Joaquim] Silva e Luna, o presidente da parte brasileira de Itaipu. Estamos resolvendo este assunto. Pode deixar que o Marito [Mario Abdo, presidente do Paraguai] vai ser reconhecido pelo bom trabalho que está fazendo no Paraguai", disse.

Questionado se o Brasil cederia, ele não quis dar detalhes. 

"Não é questão de ceder ao Paraguai. Não é meio a meio? A princípio é por ai. As pequenas derivações a gente acerta ai", disse.

As declarações ocorrem em meio a uma crise política no Paraguai que já resultou na renúncia de quatro integrantes do alto escalão do governo daquele país.  O chanceler do Paraguai, Luis Castiglioni, e outros três altos funcionários do governo renunciaram na segunda-feira (29).

Na visão de autoridades paraguaias, o acordo energético assinado com o Brasil em maio, que traz diretrizes sobre a energia da hidrelétrica de Itaipu até 2022, seria prejudicial para o país e custaria ao governo US$ 200 milhões.

As distribuidoras Ande (Paraguai) e Eletrobras (Brasil) acordam anualmente a contratação da energia elétrica procedente da usina binacional, uma das maiores do mundo.

As renúncias ocorrem após a decisão do Executivo paraguaio de solicitar a anulação de ata assinada com o Brasil em maio e publicada neste final de semana.

Em março, o presidente Mario Abdo visitou o Brasil e discutiu a revisão de cláusulas financeiras envolvendo a hidrelétrica. À época, o ministro da Fazenda paraguaio, Benigno López, disse esperar que as negociações fossem justas e rápidas.

Na semana passada, o ex-presidente da Ande, Pedro Ferreira, já havia renunciado após discordar dos termos do acordo e se recusar a assiná-lo.

O Congresso paraguaio exigiu uma explicação do governo, enquanto os representantes da Ande se manifestaram em frente ao prédio legislativo com cartazes dizendo "eles não terão paz enquanto violarem a Constituição".

Itaipu, que opera desde 1984, atualmente tem uma potência instalada de 14 mil megawatts. O Brasil consume cerca de 84% da energia da usina, o que representa 15% de toda a energia utilizada no país.

Os países se preparam para negociar o futuro de Itaipu com um importante adendo ao tratado fundador da hidrelétrica, que expirará em 2023.
 

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