Para centro-direita, reação ao Datafolha mostra que Bolsonaro fala só ao núcleo duro de apoiadores
Vale a pena ver de novo? A reação de Jair Bolsonaro ao declínio de sua aprovação no Datafolha reforçou em dirigentes de siglas de centro-direita a avaliação de que ele conscientemente abriu mão de reter todo o eleitorado que o sagrou vencedor em 2018. Para este grupo, o presidente está determinado a alimentar apenas o núcleo duro de sua militância, mantendo o antagonismo com o PT vivo nesta ala por acreditar que em 2022 a rejeição à esquerda vai reeditar o roteiro que lhe rendeu a vitória na última disputa.
Na planilha A análise de detalhamentos da última pesquisa Datafolha tende a corroborar a avaliação política feita pelos dirigentes partidários.
Alhos e bugalhos A maioria dos eleitores que votaram em Bolsonaro rechaça frases usadas por ele para defender a indicação do filho Eduardo à embaixada nos EUA, assim como a referência pejorativa a governadores do Nordeste. Quando a análise centra apenas os que declaram preferência partidária pelo PSL, a proporção se inverte.
Alhos e bugalhos 2 Entre todos os que declaram ter votado em Bolsonaro, 54% discordam de fala pronunciada por ele para justificar a indicação de Eduardo, enquanto 42% concordam. O mesmo índice desse grupo diz não chancelar a menção a “governadores de Paraíba”, enquanto 36% assinam embaixo dela.
Meu pessoal Se levados em conta apenas os que dizem ter preferência pelo PSL, o partido do presidente, 59% dizem concordar com a menção a “governadores de Paraíba” e 57% endossam a justificativa para a indicação de Eduardo à embaixada nos EUA.
Corda bamba Integrantes do PT e do PSDB acham que Bolsonaro ainda não atingiu seu piso de apoio. O índice de aprovação, hoje em 29%, poderia, portanto, minguar ainda mais na avaliação deles.
Credo em cruz Os resultados alcançados pelo presidente no Nordeste são tão ruins que políticos da região já preveem uma eleição municipal “arrasadora para o PSL” por lá.
Em seu labirinto Pessoas próximas ao presidente afirmam que ele ouve um número cada vez menor de pessoas, com ênfase no grupo alinhado a Olavo de Carvalho.
Reforço Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, avisou que vai apoiar a indicação de Eduardo à embaixada. Há dois indecisos na bancada da sigla.
Parte que me cabe A Frente Nacional de Prefeitos enviou ofício ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para pedir a ele uma parte do chamado fundo da Lava Jato, que acumula hoje R$ 2,5 bilhões.
Parte que me cabe 2 Os gestores querem que uma fração do dinheiro seja investida no combate à evasão escolar e sugerem que o ministro repasse os valores aos municípios.
Parte que me cabe 3 “Metade dos recursos da Lava Jato já resgataria milhares de crianças para as salas de aula”, diz Jonas Donizette, presidente da Frente Nacional de Prefeitos.
Investimento… Coordenadores de bancadas no Congresso que vão fazer indicações para cargos federais nos estados, a pedido do Planalto, chamam atenção para um fator: na relação de funções, o governo incluiu postos em empresas como os Correios e a Infraero, que devem ser privatizadas ou esvaziadas.
…de curto prazo O dado pesou na avaliação de líderes de partidos, já que nada garante que os indicados vão permanecer nas empresas depois de elas serem reformuladas. Os outros cargos colocados à disposição pelo governo, dizem, são de terceiro ou quarto escalão.
Basta O vice-líder do PC do B na Câmara, deputado Márcio Jerry (MA), elaborou projeto que prevê multa e reclusão de até três anos para responsáveis por difundir ou incitar a intolerância e o ódio na internet. Na proposta, ele diz ser urgente coibir ataques desse tipo nas redes e aplicativos de mensagens.
Filhote O presidente da Câmara de SP, vereador Eduardo Tuma (PSDB), propôs medida inspirada na medida provisória da Liberdade Econômica que prevê simplificação para as empresas paulistanas. Ele quer incluir o secretário de Desburocratização, Paulo Uebel, no debate.
TIROTEIO
Em tempos de queimadas, surge uma nova espécie em extinção no país –os apoiadores de Jair Bolsonaro
Da deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), sobre a última pesquisa Datafolha, que apontou o aumento da reprovação do presidente