O que se sabe sobre o Boeing 737 Max-8, novo modelo de avião envolvido em dois acidentes desde que foi lançado, em 2017

A queda de um avião da Ethiopian Airlines, que matou 157 pessoas, marca o segundo acidente fatal em cinco meses envolvendo um novo tipo de aeronave da Boeing.

O Boeing 737 Max-8 está em uso comercial há apenas dois anos, desde 2017.

Em outubro do ano passado, um avião do mesmo modelo da companhia Lion Air caiu pouco tempo depois de decolar em Jacarta, na Indonésia, matando todas as 189 pessoas a bordo.

A aeronave tinha menos de três meses de uso.

O voo ET302, da Ethiopian Airlines, que caiu neste domingo, também sofreu o acidente poucos minutos depois de decolar. A aeronave (registrada como ET-AVJ) voou pela primeira vez em outubro do ano passado, de acordo com sites de registros de voo.

O analista de aviação Gerry Soejatman, baseado em Jacarta, disse à BBC que o motor do 737 Max "é um pouco mais para a frente e um pouco mais alto em relação à asa, em comparação com modelos anteriores. Isso afeta o equilíbrio do avião."

 
O comitê nacional de segurança nos transportes da Indonésia avaliou que o voo da Lion Air recebeu uma "entrada (de informação) errônea" de um de seus sensores projetados para alertar os pilotos se a aeronave corre risco de uma parada do motor (sensor anti-stall).

A investigação do comitê ainda não chegou a uma conclusão final sobre a causa do desastre.
O sensor e o software ligado a ele funcionam de uma maneira diferente de modelos anteriores do 737, mas os pilotos não foram alertados da diferença.

Alguns dias depois do acidente da Lion Air, a Boeing enviou um boletim de operações para companhias aéreas.

A autoridade de aviação dos EUA então emitiu uma diretiva "de emergência" para companhias aéreas sobre a nova funcionalidade do modelo - chamado de sensor AOA (ângulo de ataque, na sigla em inglês).

A Autoridade Federal de Aviação (FAA) americana disse que a falta de preparo para lidar com a nova funcionalidade "poderia fazer com que a tripulação do voo tivesse dificuldade em controlar o avião, levando ao rebaixamento excessivo do nariz, perda significativa de altitude e possível impacto com o terreno".

Quem recebeu o alerta de emergência?

A agência disse às companhias aéreas dos EUA para atualizarem os manuais de voo para os pilotos.

Na época, a FAA disse que a informação foi passada para agências de regulação de aviação de outros países – a expectativa era de que as agências informassem as linhas aéreas e que elas atualizassem o treinamento dos pilotos.

No Brasil, a Anac (Agência Nacional de Aviação) exigiu o treinamento dos pilotos para operação da nova funcionalidade envolvendo o sensor anti-stall, segundo a agência Reuters. O modelo 737 Max-8 está em uso no Brasil pela operadora Gol Linhas Aéreas.

Fontes da aviação dizem que é quase certeza que os pilotos da Ethiopian Airlines tiveram atualizações sobre a questão do sensor.

Não há nenhuma evidência até o momento de que o avião da Ethiopian Airlines tenha tido os mesmos problemas do voo da Lion Air.

O que diz a Boeing?

Em um comunicado divulgado no domingo, a Boeing disse que sua equipe técnica "está preparada para oferecer assistência a pedido e sob direção do Conselho de Segurança de Transportes dos EUA".

A empresa também afirmou que envia "condolências às famílias dos passageiros e tripulantes a bordo" e que está pronta para apoiar a equipe da Ethiopian Airlines.

O Boeing 737 Max é o modelo que vendeu mais rápido da história da empresa, com mais de 4,5 mil aeronaves encomendadas por 100 diferentes operadoras no mundo todo.

As descobertas da investigação na Etiópia vão determinar quais medidas as agências reguladoras e companhias aéreas devem tomar.

A Ethiopian Airlines é vista como a companhia aérea líder na África.

O analista de aviação John Strickland diz que "também é reconhecida globalmente como uma companhia profissional de alta qualidade".

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