Novela 'As Aventuras de Poliana' é acusada de suposto racismo por mãe negra; SBT se defende

São Paulo

​​A novela infantojuvenil "As Aventuras de Poliana" (SBT) foi acusada de praticar suposto racismo pela blogueira  Luciana Bento, do A Mãe Preta. No capítulo desta quarta (8), a aluna Késsya (Duda Pimenta) argumenta com a coordenadora Helô (Eliana de Souza) que ela não seria acusada de vandalismo se não fosse negra. 

Na história, alguns alunos vandalizaram uma escultura feita pelo professor de artes da escola. Eles removeram o nariz do busto e armaram um plano para culpar Késsya. O nariz da escultura foi encontrado dentro da mochila da aluna. Durante diálogo, a coordenadora afirmou a estudante que não faria diferença nenhuma se ela fosse branca.

Para Luciana Bento, a coordenadora ensinou à menina que racismo é culpa dos negros. "Essa cena é apropriação da nossa imagem negra para reprodução de um discurso racista branco, que vem da escritora Iris Abravanel, da sua equipe de roteiristas, da direção e produção desta novela que não questionaram a violência simbólica e psicológica desse tipo de cena."

O blog afirma ainda que a personagem Helô deslegitimou a percepção de uma menina negra da situação de racismo que ela viveu. "E ainda, 'ensina' a essa criança que o racismo é culpa dos negros que se enxergam diferente dos outros e que não se valorizam."

SBT DIZ QUE NOVELA QUER GERAR DEBATE

O SBT afirmou que a emissora tem o papel de debater questões sociais como o enfrentamento ao racismo. A emissora destaca exemplos como no capítulo de terça-feira (7) em que houve uma cena exaltando que o racismo "é coisa de gente ignorante". Há no capítulo 61, ainda no mesmo contexto que foi ao ar na quarta (8), a coordenadora Helô quis convencer Késsya de que o estereótipo de que o negro é sempre culpado à primeira vista não pode prevalecer. E reforçou: "a novela é uma obra de ficção para entreter e não polemizar. "​

 

Para Luciana, a cena foi clara ao dizer que o preconceito é culpa dos negros. "Assisti ao capítulo do dia seguinte em que o pai da menina diz que é preciso tirá-la da escola e processar os responsáveis, mas ele aparece como um radical", afirma a blogueira. "Na discussão, a mãe, que é faxineira da escola, e tem medo de perder o emprego, argumenta que é melhor que a menina não reaja", completa.

 

Mãe de duas meninas, Luciana afirma que houve outras cenas em que o racismo pode ser constatado, mas não é dito explicitamente. "Em alguns momentos, foi tratado da forma correta com os pais de Késsya apoiando a menina. Dessa vez, foi preocupante porque o diálogo partiu de uma mulher negra em posição de autoridade."

 

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