Novatos na seleção precisam ser testados contra os EUA, não contra El Salvador

Hugo; Fabinho, Felipe, Dedé e Alex Sandro; Arthur, Andreas Pereira e Lucas Paquetá; Willian, Pedro e Everton.

Esse é o time que Tite, que nesta sexta (17) convocou pela primeira vez a seleção brasileira após a Copa do Mundo, deveria escalar contra os Estados Unidos, no dia 7 de setembro, no amistoso em Nova Jersey.

Dar aos novatos a cara para bater de imediato, contra uma seleção que jogará em casa e que, mesmo não sendo uma maravilha (longe disso!), supostamente oferecerá alguma resistência.

Apesar de não terem se classificado para a Copa do Mundo deste ano, os americanos geralmente são organizados em campo, impondo um mínimo de dificuldade e respeito.

Não é o caso de El Salvador, o adversário do dia 11 de setembro, em Washington.

É necessário que os calouros sejam postos à prova, e os salvadorenhos não são prova séria para ninguém de alto nível –qualquer equipe da segunda divisão do Brasileiro é mais forte.

El Salvador não vai a uma Copa desde 1982, quando foi surrado por 10 a 1 pela Hungria, na maior goleada da história dos Mundiais.

Antes, só outra participação, em 1970. Total: seis jogos, seis derrotas, 1 gol a favor, 22 gols contra.

Nas eliminatórias para o Mundial na Rússia, só ganhou, nas fases preliminares, de São Cristóvão e Névis (135º colocado no ranking da Fifa, que tem 211 países) e de Curaçao (81º).

Quando se deparou com México, Honduras e Canadá (este também fraquíssimo), El Salvador, atual 72º na lista (o Brasil é o 3º), não venceu nenhuma partida.

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a comissão técnica da seleção nem deveriam ter no radar um oponente de tamanha fragilidade.

O Brasil precisa de oposição que tenha determinada qualidade, mesmo nos amistosos.

Assim, reforço: os novatos da seleção (Willian ou Douglas Costa estão na escalação que sugeri no começo deste texto porque não há um nome novo chamado para a posição), para serem testados com um mínimo de austeridade, têm de jogar contra os EUA.

Atenção: jogar, para ser digno de avaliação, não significa 15 ou 20 minutos. Significa pelo menos 75 a 80 minutos.

Para ficar no banco de reservas batendo palmas contra os EUA (22º no ranking da Fifa), dá para fazer isso no sofá, em casa, sem precisar desfalcar o clube nas partidas de ida das semifinais da Copa do Brasil, –casos do flamenguista Paquetá e do cruzeirense Dedé –, previstas para o dia seguinte ao duelo com El Salvador.

Escrevo estas linhas a três semanas dos amistosos. Vai adiantar? Duvido muito.

Vejo a seleção entrando em campo no feriado da Independência, no estádio MetLife, assim: Alisson; Fagner, Thiago Silva, Marquinhos e Filipe Luís; Casemiro, Renato Augusto e Philippe Coutinho; Willian, Roberto Firmino e Neymar.

Todos estiveram na Copa, são conhecidos de Tite e de todos nós, não precisam mais ser testados, e sim resguardados para jogos de peso maior.

Não deveriam estar nessa primeira lista pós-Mundial, e ocupam o lugar de jogadores merecedores de oportunidade pelas recentes atuações.

O técnico Tite, que comandou o Brasil na Copa da Rússia, gesticula durante o evento no Rio em que convocou a seleção para amistosos em setembro (Pedro Martins – 17.ago.2018/MoWA Press)

Ao chamar velhos rostos, que poderiam reaparecer só em 2019, mais perto da Copa América (que será no Brasil e a seleção tem, sim, que estar muito bem preparada para ela), Tite perdeu a oportunidade de observar de perto vários talentos da nova safra brasileira.

Não veremos já com a camisa amarela gente do potencial de um Vinicius Júnior (ex-Flamengo, hoje Real Madrid), de um Malcom (ex-Corinthians, hoje Barcelona), de um Paulinho (ex-Vasco, hoje Bayer Leverkusen) e de um Richarlison (ex-Fluminense, hoje Everton), no ataque.

Não será também a vez de Éder Militão (ex-São Paulo, hoje Porto), de Guilherme Arana (ex-Corinthians, hoje Sevilla) e de Igor Rabello (Botafogo), todos defensores.

É um cenário decepcionante, porque havia espaço para esses jovens se mostrarem.

Já aos mais que experimentados Neymar, Coutinho, Willian, Thiago Silva, Renato Augusto, Alisson, Casemiro, Douglas Costa e Filipe Luís, os amistosos contra EUA e El Salvador em nada acrescentarão.

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Em tempo: Pelo menos minhas preces foram atendidas e Taison (Shakhtar Donetsk), presente na Copa da Rússia para não entrar em campo, ficou fora da convocação. Que seja duradoura essa decisão.

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