Número de crianças mortas por fome no Iêmen pode chegar a 85 mil

O número de crianças com menos de 5 anos que morreram de fome pode chegar a 85 mil nos três anos de guerra civil no Iêmen.

A estimativa é do grupo de ajuda humanitária Save The Children e foi divulgada nesta quarta-feira (21). O número é baseado nas taxas de mortalidade de 20% a 30% para casos não tratados de desnutrição aguda severa em crianças pequenas.

A ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que mais de 1,3 milhão de crianças sofreram com a fome desde que uma coalizão liderada pelos sauditas declarou guerra aos rebeldes houthi no Iêmen, em março de 2015.

O grupo humanitário aponta que uma estimativa conservadora indica a morte de 84.701 crianças por desnutrição. A maioria em áreas onde os grupos internacionais de ajuda humanitária não conseguem chegar.

“Para cada criança morta por bombas ou balas, dezenas estão morrendo de fome e isso pode ser evitado”, diz Tamer Kirolos, diretor do braço iemenita da Save the Children. “Crianças que morrem dessa forma sofrem imensamente enquanto as funções de seus órgãos vitais diminuem e eventualmente param.”

A guerra civil iemenita levou o país à pior crise humanitária do mundo. Cerca de 75% da população do Iêmen precisa de assistência urgente e mais de 8 milhões correm risco de morrer de fome. Dezenas de milhares morreram nos confrontos armados por todo o país.

Save the Children atribui a crise de fome ao bloqueio organizado pela Arábia Saudita há um ano, depois que um grupo de rebeldes apoiados pelo Irã disparou um míssil balístico na capital saudita, Riad.

O grupo humanitário cita ainda confrontos recentes dentro e ao redor da cidade portuária de Hodeida, por onde o Iêmen importa cerca de 70% de sua comida e ajuda humanitária. Segundo o Save the Children, o volume de importação comercial no porto, sob controle dos rebeldes, caiu mais de 55 mil toneladas métricas por mês.

Para contornar o bloqueio, a Save the Children tem trazido suprimentos pelo norte do Iêmen, no porto de Aden, o que atrasa a chegada à população.

O enviado das Nações Unidas para o Iêmen, Martin Griffiths, desembarcou em Sanaa nesta quarta para tentar retomar as negociações de paz no país.

Ambos os lados dizem querer negociar, e a expectativa de Griffiths é organizar conversas de paz dentro de "algumas semanas", na Suécia.

Apoiadas por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita desde 2015, as forças pró-governo tentam expulsar os rebeldes houthis dos vastos territórios que conquistaram no ano anterior, incluindo a capital Sanaa.

Atualmente, o Iêmen está praticamente dividido em dois: as forças pró-governo controlam o sul e uma boa parte do centro, enquanto os rebeldes dominam Sanaa, o norte e amplas faixas do oeste.

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