Neymar é injustamente criticado e precisa de auxílio, afirma Guga

No encontro nacional das 42 escolas de tênis que gerencia, nesta sexta-feira (20) em São Paulo, o ex-número 1 do mundo e tricampeão de Roland Garros Gustavo Kuerten comentou as críticas que Neymar Jr. vem recebendo desde a Copa do Mundo da Rússia por seu comportamento em campo.

Para o ex-tenista, a repercussão das atitudes de Neymar é desproporcionalmente negativa. “Ele é um jovem. Eu que vou fazer 42 anos em setembro ainda vou aprender cada vez mais, e enxergo da mesma forma para ele”, afirmou. “O Neymar para mim vai ser melhor do mundo com certeza. E que bom que ele é brasileiro. Então vamos tentar auxiliar, vamos tentar extrair desse valor o melhor possível”, acrescentou.

O ex-líder do ranking mundial indicou que há espaço para amadurecimento de atletas brasileiros que estão constantemente nos holofotes, mas seria injusto cobrá-los por isso sem um trabalho adequado na base. “Temos que pensar no que fazer para preparar esses caras, porque depois só exigir isso, não vai acontecer.”

Guga avalia a seleção de Tite como um time que fez o brasileiro “olhar o futebol com vontade de novo” e vê as críticas após a eliminação para a Bélgica nas quartas como fruto de uma cultura imediatista no esporte brasileiro. “(O futebol) serve como desafogo e, quando não funciona e o resultado é ruim, não serve, é jogado de lado e buscam uma maneira de desvalorizar. É um pouco brutal.”

MÁ FASE DO TÊNIS BRASILEIRO

Guga também opinou sobre o momento do tênis brasileiro, atualmente com apenas três jogadores no top 200 do ranking masculino: Rogério Dutra Silva (138º), Thiago Monteiro (145º) e Guilherme Clezar (192º). No feminino, Beatriz Haddad Maia é a 119ª.

“O tênis brasileiro ainda não existe, existem os tenistas brasileiros. A Bia está lesionada, a Teliana (Pereira) está tentando voltar. Ainda não temos um cenário de tênis brasileiro. A gente fala de personagens. Os duplistas (Marcelo Melo e Bruno Soares) nos carregam, os outros se viram nos 30, mas o tênis brasileiro não pode ser só isso. Tem que ter 10 Thomaz (Bellucci) e 10 Thiagos”, afirmou.

À Folha, Guga também falou sobre a morte da campeã de 19 Grand Slams Maria Esther Bueno, em junho. “Eu a conheci pouco, só quando fui pela primeira vez para Wimbledon, quando ela estava sendo homenageada, e eu nunca tinha ouvido falar dela. A gente tem essa dificuldade de lembrar a nossa história, infelizmente. Mas todas as vezes que a encontrei foram muito inspiradoras. É um exemplo para todos nós e ainda bem que ela voltou a aparecer mais depois que eu ganhei Roland Garros em 1997, porque a história dela precisa ser contada todos os dias”.

Ainda sem poder jogar tênis após a última cirurgia que realizou no quadril, em 2014, Guga tem praticado o surfe e batido bola com as crianças de suas escolas de tênis esporadicamente sem muita movimentação. “O que me conforta é que nesse projeto minha parte física é suficiente para me dedicar a essa iniciativa. Não tenho a falta de estar em quadra. Talvez só para os meus filhos, se eles me vissem jogando eles teriam mais vontade de jogar também”, contou o vencedor de três Grand Slams.

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