Nanicos buscam o 'imponderável' ao escolher nome de urna

“Dentro da minha campanha, só o imponderável para ser eleito.” Essa é a expectativa do cobrador de ônibus Laércio Menezes Santos, 58, que está expressa inclusive em seu nome de urna para deputado federal pelo PMN em São Paulo: "Buscando o Imponderável".

Menezes escolheu se filiar ao PMN por ser um partido menor, mas que poderia facilitar seu engajamento. Ele diz não esperar apoio da legenda para sua campanha, mas nem por isso desiste da candidatura, já deferida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

“Você tem ciência que apoio é uma coisa fantasiosa. Mas dentro do meu círculo social a aceitação [ao nome] está sendo muito boa. É exatamente esse meu capital”, completa o candidato, que disputa sua primeira eleição.

“Todas as ideologias políticas falharam no mundo. Não tenho mestrado, mas tenho uma visão afinada no contexto social e econômico”, diz Menezes, que nasceu em Aracaju e tem o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama como exemplo na política.

Caso eleito, Menezes diz que vai trabalhar para acabar com a reeleição, com a farra do Judiciário e outros privilégios. “Pode perceber que vou arrumar muitos inimigos, mas isso é o imponderável”, completa, em alusão ao seu nome de urna.

"Buscando o Imponderável" não está sozinho. Outros candidatos a deputado federal e estadual por São Paulo apostam em nomes alternativos na tentativa de chamar a atenção e obter uma vaga no Legislativo —seja estadual ou federal.

Nas urnas paulistas, por exemplo, os eleitores poderão encontrar candidatos que atendem por nomes como “Exclusivo”, “Fundo de Garantia”, “Meu Jovem”, “O Homem da Moto”, entre outros.

Simbolismo

Mas o que leva candidatos a utilizarem nomes alternativos para a corrida eleitoral?

Para Luciana Veiga, coordenadora do programa de pós-graduação em Ciência Política da Unirio, uma das hipóteses é uma tentativa do candidato de se aproximar do eleitor, a partir de algo que tenha a ver com sua trajetória. Ou então, algo que simplesmente traga uma ironia e facilite a memorização por parte do eleitor.

“Nesse caso ele pode usar um codinome, um nome pelo qual é conhecido. É uma maneira de você fazer um vínculo entre aquilo que é o seu capital e transferir para a urna.”

Já para o consultor de opinião pública Maurício Lima, fundador da empresa Ideia Big Data, a estratégia de apelar para o simbólico não se restringe a candidatos anônimos e tem o ex-presidente Lula como um de seus expoentes.

“O eleitor brasileiro valoriza muito o elemento simbólico. Nesse contexto, esses nomes ajudam o candidato a se conectar com eleitor no campo simbólico. Lembrando que o elemento maior desse caso é do próprio ex-presidente Lula. O mesmo mudou de nome para incorporar sua marca principal” [em 1982, Luiz Inácio da Silva acrescentou “Lula” ao nome de batismo e disputou o governo de São Paulo].

Luciana pondera que também há uma outra hipótese, quando nenhuma dessas características estão presentes, que seria a candidatura por simples deboche ou protesto. “Uma coisa é trazer algo do esporte ou de outra área que tenha a ver com sua trajetória. Sem isso, fica uma candidatura vazia”.

O que diz a lei

A legislação eleitoral não impõe grandes restrições aos nomes de urna que os candidatos podem apresentar —uma liberdade que acaba explorada ao máximo pelos postulantes.

A regra barra apenas nomes que sejam ofensivos, atrelados a órgãos públicos e que induzam o eleitor a achar que se trata de outra pessoa.

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