Multa de R$ 50 mi faz Argentina torcer por renúncia de Sampaoli após queda

Além da questão se Messi continua ou não na seleção, a situação de Jorge Sampaoli vai dominar o noticiário do futebol argentino. A AFA (Associação de Futebol Argentino) ficaria satisfeita se o treinador renunciasse ao cargo. Após a derrota para a França e a eliminação da Copa do Mundo, no último sábado (30), ele disse que não joga a toalha.

A situação é mais uma amostra da desorganização da AFA que culminou na campanha argentina na Rússia. A multa rescisória para demitir Sampaoli seria de US$ 16 milhões (cerca de R$ 56 milhões). Com problemas financeiros, a entidade não pode nem sonhar em gastar esse dinheiro.

O contrato do técnico vai até o final da Copa do Qatar, em 2022.

“Mesmo que a Argentina seja eliminada na fase de grupos, Sampaoli fica”, disse o presidente da associação, Claudio Tapia, antes mesmo da chegada da delegação para o Mundial.

Considerado que a equipe só passou para as oitavas graças a um gol do zagueiro Marcos Rojo a quatro minutos do fim da partida contra a Nigéria, o cenário pintado por Tapia quase se tornou realidade.

O caos que se tornou a concentração da argentina em Bronnitsi (55 km de Moscou) fez com que parte da torcida argentina se voltasse contra Sampaoli. Seu nome foi vaiado em quase todas as partidas do time, ao ser anunciada a escalação. A exceção foi a estreia contra a Islândia. Antes do confronto com a Nigéria, os apupos para o treinador foram mais fortes do que os aplausos para Lionel Messi.

Não passaram em branco as imagens dele comemorando sozinho os seis gols marcados pela Argentina na Copa do Mundo. Ele ter ressaltado que Messi lhe deu a mão após anotar diante da Nigéria soou como carência que não combinava com a imagem que o técnico tinha no país, um assistente de Tapia disse à Folha.

A AFA queria, ao contratar Sampaoli, o sujeito de personalidade forte, obcecado pelo seu estilo de jogo, trabalhador incansável e capaz de fazer suas equipes arrancarem os resultados mesmo quando não jogavam bem. Foi assim que montou a Universidad de Chile campeã da Copa Sul-Americana de 2011 e a seleção chilena que derrotou a própria Argentina na decisão da Copa América de 2015.

A entidade ficou atônita ao vê-lo buscando a aprovação dos atletas o tempo inteiro (especialmente Messi) e reconhecendo isso em público. Sua declaração de que abriu mão de suas convicções para acomodar o time da melhor forma possível ao redor do camisa 10 não pegou bem. Assim como a crença de pessoas da AFA que a maior influência da seleção não é sequer Lionel e sim seu pai, Jorge Messi.

Sampaoli também não reagiu aos boatos de que os jogadores haviam tomado o poder após a derrota para a Croácia e que seria demitido por Tapia com o torneio em andamento. O presidente da AFA foi quem fez o desmentido e ainda chamou-o para dizer para ficar tranquilo, que o trabalho seguiria.

O resultado ruim na Rússia ameaça enterrar o que deveria ser um projeto de longo prazo. O treinador do sub-20 é Sebastián Beccacece, braço direito de Sampaoli. A ideia era implantar uma maneira de atuar em todas as equipes de base. Incomoda parte dos dirigentes que a Argentina não revele meias na mesma qualidade e quantidade do passado, por exemplo.

Jorge Sampaoli, visto como “estrangeiro” por parte de seus colegas de profissão por nunca ter dirigido equipes no país, chegou como salvador, para colocar a seleção argentina nos trilhos. Corre o risco de sair como um grande fracasso.

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