Milícia ataca aeroporto de Trípoli e número de mortos por conflito na Líbia chega a 54

A milícia do general Khalifa Haftar segue avançando em direção a Trípoli, capital da Líbia, e bombardeou nesta segunda-feira (8) o aeroporto que atende a região, cancelando todos os voos no local.

O número de mortos no conflito nos arredores da cidade subiu para 54 —19 do lado dos rebeldes e 35 do lado do governo provisório (incluindo militares e civis).

Não há informação de vítimas no ataque ao aeroporto, o único que ainda estava em funcionamento na região da capital. 

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) manifestou preocupação com a situação e disse que mais de 2.800 pessoas foram deslocadas pelos combates. Também pediu aos envolvidos "garantam a segurança de todos os civis", bem como acesso de ajuda humanitária.

No domingo, a Missão das Nações Unidas na Líbia fez um apelo, sem sucesso, por uma trégua de duas horas nos subúrbios de Trípoli para retirar os feridos e os civis.

Os dois campos rivais ignoraram o apelo, porém, e os serviços de emergência confirmaram que não conseguiram entrar na zona dos combates, ao sul de Trípoli, em particular em Wadi Rabi e no perímetro do aeroporto internacional.

Segundo testemunhas, o Exército Nacional Líbio (a milícia de Haftar) chegou a ficar a apenas 11 quilômetros do centro de Trípoli, mas as tropas governistas conseguiram afastar os rebeldes para uma posição mais distante da cidade.   

O confronto entre o grupo de Haftar e as forças leais a Trípoli são resultado da guerra civil em que o país mergulhou após a queda e morte do ditador Muammar Gaddafi, em 2011, na esteira da Primavera Árabe.

A Líbia está atualmente dividida entre o governo provisório, sediado em Trípoli e que conta com apoio da ONU e da maior parte da comunidade internacional, e o governo do leste, sediado em Tibruk e apoiado por Haftar e por parte dos países árabes, incluindo o Egito e os Emirados Árabes Unidos. O conflito inclui ainda milícias menores e grupos radicais, entre eles o Estado Islâmico.

O general, um ex-oficial de Gaddafi que desertou e morou por muitos anos nos EUA, anunciou na quinta (4) o início de uma ofensiva para tomar a capital. A medida foi vista como uma tentativa de unificar o comando do país antes do início das negociações de paz patrocinadas pela ONU, marcadas para acontecer entre 14 e 16 de abril em Gadamés, no sudoeste do país —e que até o momento, estão mantidas.

Em resposta, o chefe do governo provisório de Trípoli, Fayez al-Sarraj, anunciou uma contraofensiva contra as forças de Haftar em todo o país.

Uma resolução para tentar acabar com o conflito foi apresentada no domingo no Conselho de Segurança da ONU, mas acabou sendo vetada pela Rússia, indicando o alinhamento de Moscou com Haftar.  

Nesta segunda, a União Europeia pediu que o general volte à mesa de negociação.

"Peço firmemente a todos os líderes líbios, e em particular Haftar, que parem todas as operações militares e retornem à mesa de negociação sob mediação da ONU", anunciou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, após uma reunião com os chanceleres do bloco em Luxemburgo.

Sarraj também recebeu uma ligação do presidente francês, Emmanuel Macron, um dia após ter cobrado explicações de Paris sobre o apoio que o país deu no passado a Haftar.

CRONOLOGIA

2011  Derrubada do ditador Muammar Gaddafi em meio à Primavera Árabe

2014  Guerra civil divide país; general Haftar faz tentativa frustrada de golpe militar

2015  Acordo nacional com apoio da ONU instaura o GNA como governo provisório em Trípoli

2017  Haftar toma a cidade de Benghazi e consolida domínio sobre o leste da Líbia

fev. 2019  Milícia de Haftar avança sobre deserto ao sul do país e domina campo de petróleo El Sharara

abr. 2019  Rebeldes avançam contra a capital, Trípoli

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