Mergulhado em crise doméstica, Trump diz não ter pressa para desnuclearizar Coreia do Norte

O presidente americano, Donald Trump, iniciou o segundo dia de cúpula como ditador norte-coreano, Kim Jong-Un, afirmando não ter pressa com desnuclearização da Coreia do Norte e sem mencionar a crise doméstica provocada por acusações de um ex-advogado de que teria montado uma rede de mentiras.

Trump e Kim voltaram a se encontrar no hotel Metropole, em Hanói. Sentado perto do norte-coreano, Trump afirmou que não está entre suas prioridades que o país asiático abra mão rapidamente do seu arsenal nuclear.

“Eu disse desde o começo que a velocidade não é tão importante para mim. Eu valorizo muito mais o fim de testes com foguetes nucleares, mísseis”, afirmou. “O que é importante é que cheguemos ao acordo certo.”

“Eu não tenho pressa. Só não queremos os testes e nós evoluímos em algo especial em relação a isso.”

O presidente americano voltou a dizer que a Coreia do Norte pode ser uma potência econômica e que pretende ajudar o país asiático a alcançar esse patamar. Ele não quis prever os resultados da cúpula, mas afirmou que, nos próximos anos, tinha certeza de que os dois líderes estariam “bastante” juntos.

Com ajuda de um tradutor, Kim afirmou que o mundo estava com as atenções voltadas ao encontro. Ele disse ainda que estava disposto a ter um “diálogo maravilhoso.”

Nesta quinta (horário local), ambos terão reuniões bilaterais e um almoço de trabalho. À tarde, eles vão participar da cerimônia de assinatura de um acordo cujos detalhes não foram revelados.

O segundo dia da cúpula ocorre ainda sob o impacto das acusações de Michael Cohen, ex-advogado do republicano, que acusou o presidente de criar uma rede de mentiras envolvendo os negócios na Rússia, pagamentos a uma ex-atriz pornô e de ter conhecimento do vazamento de e-mails democratas pelo WikiLeaks.

Até o momento, Trump e Kim têm mostrado entrosamento. Nesta quarta (27), no primeiro dia da cúpula, Trump chamou o ditador norte-coreano de “grande líder” e afirmou que a Coreia do Norte tem “um futuro tremendo”.

 “Eu acho que o seu país tem um potencial econômico tremendo”, afirmou o presidente americano, olhando para Kim. “Eu acho que vocês têm um futuro tremendo para o seu país, você é um grande líder”, continuou. “Nós vamos ajudar isso a acontecer.”

Já o ditador norte-coreano afirmou que a segunda cúpula só aconteceu graças à “corajosa decisão política” de Trump. É a segunda vez na história que um presidente americano e um ditador norte-coreano se encontram.

Kim disse que houve “muita reflexão, esforço e paciência” entre agora e junho do ano passado, quando ambos se encontraram em Singapura. Segundo ele, o mundo “não compreendeu” a relação entre EUA e Coreia do Norte após a primeira cúpula.

O norte-coreano afirmou ainda que espera que esse encontro entregue “um resultado que agrade a todos”, e que os dois líderes tiveram “uma conversa muito interessante” de 30 minutos.

Mas nem tudo correu bem. O presidente americano foi bombardeado por uma série de perguntas, incluindo uma sobre Cohen. Enquanto isso, Kim, a seu lado, parecia se divertir com a situação. Minutos depois, a Casa Branca barrou quatro jornalistas americanos de cobrir o próximo evento.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse inicialmente que todos os repórteres de jornais seriam barrados por causa das questões levantadas. Mas, após protestos, ela concordou em deixar um jornalista participar do jantar entre Kim e Trump.

Se for bem-sucedida, a Coreia do Norte pode aceitar que inspetores entrem em áreas nucleares do país asiático. Kim também pode concordar em fechar o centro de pesquisa nuclear de Yongbyon. Os EUA querem a Coreia do Norte mostre um planejamento de como pretende abrir mão de suas armas nucleares.

Já os EUA poderiam dar passos na direção de estabelecer relações diplomáticas formais, ou concordar em encerrar a Guerra da Coreia (1950-53) –algo que parece tentador a um presidente que deseja ganhar o prêmio Nobel da Paz. Apesar da trégua em 1953, Coreia do Norte e EUA continuam tecnicamente em guerra, com 28.500 soldados americanos na Coreia do Sul para impedir um reinício do conflito.

Em junho de 2018, Trump e Kim se encontraram em Singapura para debater a desnuclearização da Coreia do Norte. Na ocasião, o ditador se comprometeu a alcançar o objetivo, mas pouco foi feito desde então. O país asiático quer, em contrapartida, que os EUA retirem sanções impostas.

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