'Mentes Sombrias' é só passatempo para garotas nada exigentes

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Se existe uma parcela do público de cinema que não pode reclamar da falta de filmes para ver, além dos fãs de gibis, este grupo é o das jovens leitoras com espírito de aventura. Depois do sucesso da saga “Crepúsculo”, livros de fantasia e sci-fi com garotas heroínas mal esquentam as estantes e já ganham as telas.

“Mentes Sombrias” é o novo exemplar desse filão que tem, na cola de “Crepúsculo”, franquias como “Divergente”, “Jogos Vorazes” e “Instrumentos Mortais”. Tanto os livros como os filmes são tão parecidos em sua narrativa rasteira que fica difícil descobrir se algum deles é, digamos, melhorzinho.

Definitivamente, “Mentes Sombrias” não é dos mais interessantes. Não basta estar preso aos elementos recorrentes desses romances, que têm sempre uma mocinha destemida, um namoradinho heroico do bem, um vilão também bonitinho disposto a conquistá-la e um cenário futurista distópico, onde qualquer adulto que apareça não será flor que se cheire.

As limitações dessa nova saga são mais evidentes. Enquanto muitas séries de TV atuais são protagonistas de uma supremacia da telinha sobre a telona, tão elaboradas quanto uma superprodução cinematográfica, “Mentes Sombrias” é mais débil do que um seriado vagabundo, desses feitos para preencher horários não tão nobres na grade de programação.

Não há brilho. Os atores são péssimos, entregues a diálogos sofríveis que pontuam cenas de ação frouxas e tentativas desastrosas de criar clima romântico e/ou engraçadinho entre os personagens. Não dá para aturar conversas bobas que seriam adequadas a um descontraído recreio na escola quando os meninos estão armados e lutando por suas vidas.

O enredo é baseado no primeiro livro da trilogia criada pela americana Alexandra Bracken, 31, lançado em 2012. A personagem central, nos três volumes, é Ruby, de 16 anos. Ela e todas as crianças e adolescentes passam a exibir dotes extraordinários, que seriam sintomas de uma doença.

O governo examina os jovens e os classifica em cinco estágios de contaminação, dependendo do nível de seus poderes. Eles são levados a campos de reabilitação, nos quais os mais perigosos são sumariamente executados. Ruby tem o poder de controlar a mente das pessoas, inserindo ordens em seus cérebros ou apagando parte de suas memórias.

Ela sobrevive ao esconder sua principal habilidade e se passa por uma garota com inteligência extraordinária, que é a condição mais comum e inofensiva dos meninos afetados pela misteriosa doença. Quando Ruby foge de sua prisão, passa a ser perseguida pelos soldados do governo, que querem matá-la, e por um grupo clandestino que propõe ajuda aos jovens, mas não parece nada confiável.

Em suas andanças, ela encontra mais três garotos fugitivos: Charles, inteligentíssimo, a pequena Zu, capaz de disparar e controlar descargas elétricas, e o atlético e bonitão Liam, que tem poder de mover os objetos e vai se apaixonar por ela. O grupo fica unido para enfrentar seus perseguidores, e os quatro vão passar por muitos apuros.

Amandla Stanberg é bem inexpressiva como Ruby. Está mais para o jeito canastrão da Kristen Stewart de “Crepúsculo” e passa bem longe do talento fulgurante da Jennifer Lawrence de “Jogos Vorazes”. Por ela, pela direção sem brilho e o roteiro de clichês, “Mentes Sombrias” é só passatempo para garotas nada exigentes.

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