Juíza diz que ex-chefe de campanha de Trump mentiu ao FBI e anula acordo

Paul Manafort, ex-chefe da campanha do presidente Donald Trump, mentiu intencionalmente ao procurador especial Robert Mueller, quebrando o acordo que tinha feito com o escritório em troca da colaboração na investigação da interferência russa nas eleições de 2016, decidiu nesta quarta-feira (13) a juíza federal Amy Berman Jackson.

A magistrada afirmou que Manafort, 69, deu “múltiplas declarações falsas ao FBI [polícia federal americana], ao OSC [escritório da Procuradoria Especial] e ao grande júri” sobre assuntos que foram “materiais à investigação”, incluindo sobre seus contatos com associados russos durante a campanha e depois.

A juíza deve pronunciar a sentença de Manafort em 13 de março. O ex-chefe da campanha de Trump, preso há oito meses, foi o primeiro indiciado por Mueller em sua investigação. Manafort foi condenado em agosto por vários crimes financeiros. Ele, depois, costurou um acordo e se declarou culpado por conspiração e manipulação de testemunhas em setembro.

Jackson afirmou que ele intencionalmente mentiu sobre três de cinco assuntos alegados pelos procuradores, como sobre o pagamento de US$ 125 mil que recebeu por suas contas, sobre outra investigação criminal tocada pelo Departamento de Justiça e sobre suas interações com o russo Konstantin Kilimnik enquanto comandava a campanha de Trump e depois disso.

Em dois momentos de sua decisão, a juíza afirmou que dois dos tópicos sobre os quais Manafort mentiu, Kilimnik e os pagamentos recebidos, eram “materiais à investigação.”

A decisão desobriga a Procuradoria Especial de cumprir sua parte no acordo, como pedir uma redução da sentença por causa da cooperação do ex-aliado de Trump. A quebra pode adicionar alguns anos à pena de Manafort.

Segundo Jackson, porém, o escritório da Procuradoria Especial não conseguiu comprovar completamente dois pontos: que Manafort intencionalmente prestou falsas declarações sobre suas interações com autoridades da Casa Branca e sobre o papel de Kilimnik em uma tentativa de influenciar testemunhas, algo que Manafort admitiu em seu acordo.

No momento, os procuradores não pretendem entrar com acusações adicionais contra o ex-chefe de campanha de Trump. Peter Carr, porta-voz de Mueller, não quis comentar a decisão. Os advogados de Manafort afirmam que ele não mentiu intencionalmente.

 

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