Influência do dia a dia será tema da 12ª Bienal de Arquitetura de SP, em 2019

Como pode a arquitetura se revalorizar diante de um mundo marcado pelas consequências da globalização e da chamada quarta revolução industrial, em que se desenha um cenário de crescente automação, com máquinas distopicamente prontas a assumirem todos os setores produtivos?

Essa indagação norteia o projeto vencedor entre os 15 finalistas do concurso para escolher os curadores da 12a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.

A resposta dada por seus autores, os brasileiros Ciro Miguel e Vanessa Grossman e a francesa Charlotte Malterre-Barthes, foi: olhando para o cotidiano.

Na visão dos curadores —os dois primeiros brasileiros, a terceira, francesa, todos vinculados ao ETH (Instituto Federal de Tecnologia), em Zurique—, a obra de Paulo Mendes da Rocha e de Lina Bo Bardi fornece uma "ilustração notável" da tendência de colocar o cotidiano no centro da produção arquitetônica. 

 

 

 

Segundo a opinião do júri, documentada na ata do concurso, a proposta, intitulada “Todo Dia”, “tem como virtude trazer a arquitetura a uma perspectiva da vida cotidiana de todos, o que atribui significação e legitimação à arquitetura".

 

“O tema proposto prioriza a vivência do espaço e dialoga com o contexto internacional, num processo que se propõe inclusivo, interdisciplinar e transgeracional”, acrescenta o documento, firmado pelos 13 jurados da competição.

Esta foi a primeira vez que a seção paulista do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-SP), que organiza o evento desde a primeira edição, em 1973, promoveu um concurso de ideias para escolher seus curadores.

Segundo Pedro Vada, 37, um dos três membros do IAB-SP no júri, a iniciativa de escolher a equipe curatorial em um concurso se relaciona ao interesse da nova diretoria do órgão de se colocar de forma mais aberta diante da sociedade.

Vada conta que a atual gestão —eleita em 2017 e com mandato até o fim do ano que vem— promoveu várias chamadas públicas para escolher representantes em conselhos em que o IAB tem assento. “Não faria sentido”, diz, que os curadores da Bienal fossem simplesmente determinados pela entidade.

Em um mundo marcado justamente pelos aspectos levantados pelo projeto eleito, com a rapidez da informação e a troca de ideias possibilitada por poucos toques numa tela, é preciso também ressignificar a ideia de uma Bienal de Arquitetura.

Para Vada, o papel de um evento desse gênero é “parar, olhar e levantar para onde a gente está indo” – uma reflexão que não se faz no intercâmbio imediato. “É um momento de crítica”, de discutir a crise.

É bem-vindo que o IAB-SP assuma um posicionamento renovado diante do evento, após anos de uma crise não só do país, mas interna, que teve seu ápice em 2011 —a 10a edição da BIA foi inaugurada inacabada, e houve conflitos financeiros com participantes.

A resposta do IAB-SP aos problemas recentes foi baseada em dois aspectos.

Primeiro, limitar o orçamento a R$ 800 mil —na problemática 10a edição, o esperado era captar R$ 5 milhões, e foram levantados R$ 2 milhões.

Segundo, tirar da equipe curatorial a função de buscar os patrocinadores e liberá-los para que se concentrem em aspectos qualitativos da realização —o IAB-SP assumiu a tarefa de captação, que teve início em maio deste ano.

A escolha dos jurados será sacramentada em 7 de setembro, se não houver recursos de outros participantes. A 12a BIA terá lugar de setembro a dezembro de 2019.

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