Impasse sobre incentivo fiscal trava venda de fábrica da Ford

Um impasse em torno de incentivos fiscais ameaça travar a venda da fábrica de caminhões da Ford em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, para a Caoa.

Segundo apurou a reportagem, representantes da Caoa, que pertence ao empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, estiveram nesta segunda-feira (8) na Secretaria de Fazenda e Planejamento do governo de São Paulo.

Os executivos solicitaram ao governo estadual contrapartidas fiscais para adquirir a unidade e preservar os cerca de 3.000 empregos. O governador João Doria (PSDB) já anunciou publicamente que ajudaria a buscar compradores para a fábrica.

Os técnicos da Fazenda, no entanto, afirmaram que o programa estadual para o setor automotivo contempla apenas novos investimentos, o que significa que, para se enquadrar, a Caoa teria de se comprometer com um plano de aportes para a unidade.

Chamado de IncentivAuto, o programa do governo estadual prevê desconto progressivo até o limite de 25% do ICMS para os veículos fabricados em São Paulo.

Para participar, as empresas têm de investir mais de R$ 1 bilhão e se comprometer a criar, no mínimo, 400 postos de trabalho.

Pessoas próximas a Oliveira Andrade dizem que o empresário ficou decepcionado e que estaria até pensando em desistir de adquirir a fábrica.

Outras fontes dizem acreditar que se trata de pressão para levar o governo estadual a conceder mais incentivos.

Conforme apurou a reportagem, as tratativas com a Ford continuam, mas a Caoa teria informado que vem tendo dificuldades nas negociações com o governo estadual. A empresa ainda não está fazendo "due dilligence" (análise dos dados) da unidade.

Doria está pessoalmente empenhado em deter o fechamento de vagas no setor automotivo. O próprio programa IncentivAuto nasceu de uma negociação com a General Motors, para evitar que a empresa deixasse o estado e até o país.

No entanto, o secretário de Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles, vem sendo cuidadoso na concessão dos benefícios e faz questão de atrelá-los a novos investimentos, para evitar que se tornem apenas um socorro para empresas em dificuldades.

Em fevereiro, a Ford anunciou que fecharia a fábrica de São Bernardo do Campo no fim deste ano, gerando forte reação do sindicato de trabalhadores. A montadora americana informou que desistira de fabricar caminhões no mundo.

Por insistência do governador tucano, a Ford retomou as tentativas de tentar vender a fábrica, que não haviam sido bem-sucedidas até então.

Três grupos teriam demonstrado interesse. As negociações estariam mais avançadas com a Caoa.

Procuradas, Caoa e Ford não se manifestaram.

A Secretaria de Fazenda e Planejamento paulista não confirmou a reunião e informou que emitirá em breve uma resolução com as condições de enquadramento dos novos investimentos dentro do IncentivAuto.
 

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