Hoje em paz com Cleveland, LeBron James pode aprofundar crise da ex-equipe

​O ginásio do Cleveland Cavaliers, onde LeBron James foi reverenciado por tantos anos, mas também vaiado e xingado, voltará a receber o ala nesta quarta-feira (21), às 23h (de Brasília), quando o Los Angeles Lakers enfrenta a equipe da casa.

Será o primeiro jogo do grande astro da NBA contra o time que defendeu por 11 temporadas desde que o deixou pela segunda vez, na metade deste ano, com destino à franquia da Califórnia.

LeBron, 33, nasceu em Akron, no estado americano de Ohio, onde também fica Cleveland. Ele mantém ligações fortes com as origens e em julho deste ano inaugurou uma escola na sua cidade natal.

Sua carreira como jogador do Cavaliers foi dividida em duas partes. A primeira começou em 2003, ano em que estreou na liga, e durou até 2010. Na metade daquele ano, com apenas uma final e nenhum título da liga no currículo, LeBron se transferiu para o Miami Heat, escolha que revoltou torcedores em Cleveland.

O ala anunciou a assinatura de contrato com a franquia da Flórida em um programa chamado “A Decisão”, transmitido nos EUA pela ESPN. Foi bombardeado com críticas pelo espetáculo criado e por ter escolhido se juntar a outros astros em vez de tentar vencer como “o cara” em Ohio.

Em Miami, ele conquistou o título da NBA duas vezes, em 2012 e 2013, com a ajuda principalmente dos companheiros Dwyane Wade e Chris Bosh.

Após o anúncio, no entanto, ele passou a ser visto como inimigo em Cleveland. Imagens de torcedores queimando camisetas com seu nome e número se espalharam pelo país.

Quando retornou à Quicken Loans Arena pela primeira vez, em dezembro de 2010, o antigo ídolo foi recebido com vaias e cartazes ofensivos. Oito pessoas, cada uma com uma letra na camiseta, formavam a palavra “betrayed” (traído, em inglês).

Os protestos não influenciaram o desempenho do atleta, que fez 38 pontos na vitória do Heat por 118 a 90.

A relação entre Lebron e Cleveland só mudaria quatro anos depois. Com dois anéis de campeão no currículo, ele decidiu que era hora de voltar ao Cavaliers. Ainda que houvesse alguma resistência no início, ela logo se dissipou.

Em 2015, o time voltou a disputar a final da NBA. No ano seguinte, enfim conquistou seu primeiro título, após derrotar o favorito Golden State Warriors. Carregada por LeBron James, a equipe chegaria em mais duas finais nas temporadas seguintes, apenas para ser superada com facilidade pela dominante equipe de Oakland.

Sem ter como concorrer com o time de Stephen Curry e Kevin Durant, LeBron partiu novamente, agora para Los Angeles. Dessa vez sem anúncio em programa de televisão e com a maior parte da torcida de Cleveland agradecida e resignada ao perder seu ídolo.

No reencontro desta quarta não são esperadas vaias, pelo menos não de forma majoritária, na Quicken Loans Arena.

O sentimento dos torcedores deverá ser de frustração, misturada com saudades do maior jogador que já defendeu a sua camisa. Sem LeBron, o atual campeão da Conferência Leste tem a pior campanha da liga, com apenas 2 vitórias e 13 derrotas até agora.

Em 2010/11, quando também viveu sua primeira temporada sem ele, a experiência foi similar, e a franquia acabou com a segunda pior campanha entre as 30 participantes. Ela só voltaria aos playoffs —e à final do campeonato— com o retorno do ala, em 2014/15.

A campanha desastrosa do Cavaliers já resultou na demissão do treinador Tyronn Lue. O ala/pivô Kevin Love, principal remanescente, está lesionado e com previsão de retorno para metade de dezembro.

Além disso, o armador calouro Collin Sexton, 19, primeira escolha do time no último draft e maior esperança para os próximos anos, já teve seu desempenho criticado por companheiros veteranos.

O Lakers, em contrapartida, mostra evolução após um começo de temporada ruim. De 2 vitórias e 5 derrotas, passou a ter 9 vitórias e 7 derrotas. Atualmente, está em oitavo lugar, na zona de classificação aos playoffs da concorrida Conferência Oeste.

No último jogo, contra o Miami Heat, LeBron obteve seu maior número de pontos pela equipe de Los Angeles (51). Se repetir o desempenho diante do seu outro ex-time na liga, ajudará a aprofundar a crise vivida pelo Cavaliers.

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