Guedes diz que burocracia da Petrobras resiste a proposta de reduzir preço do gás

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta (26) que o governo deve anunciar em até 45 dias medidas para baratear o preço do gás natural no país. Ele afirmou, porém, que a proposta vem enfrentando resistência da "burocracia" da Petrobras.

Guedes se reuniu na manhã desta sexta com o economista Carlos Langoni, quem primeiro apresentou a ideia do "choque de energia barata" ao ministro da Economia. Langoni acredita que é possível reduzir à metade o preço do gás no país –a proposta trata do gás canalizado, não vendido entregue em botijões.

Segundo o economista, o esforço não depende da aprovação de leis, mas apenas de medidas regulatórias.

O objetivo é reduzir a concentração do mercado, hoje abastecido apenas pela Petrobras. "São medidas muito simples, eu diria de uma simplicidade franciscana", disse Langoni, em entrevista após a reunião com Guedes. 

"É apenas um processo de abertura, de reduzir o poder de monopólio da Petrobras de um lado e de introduzir a figura do consumidor livre de gás natural do outro, na ponta da distribuição", completou. Ele não quis, porém, adiantar quais seriam as medidas em estudo.

O tema voltará a ser debatido em reunião na segunda (29) com o MME (Ministério de Minas e Energia), que coordena grupo criado pelo governo para definir as medidas. Guedes disse que o projeto tem apoio do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

"A ideia de levar o gás para as famílias brasileiras pela metade do preço e reindustrializar o país por meio da energia barata é extremamente atraente", defendeu o ministro. Ele reconheceu, porém, que há resistências dentro da própria estatal.

Sem citar nomes, Guedes disse que se arrependeu de ter indicado para a estatal "um consultor" que participou da equipe de transição do governo Bolsonaro e, na estatal, "foi capturado pela burocracia". 

"Esse consultor que me referi fez um plano que daqui a quatro anos vamos ter gás mais barato. Ele deve estar trabalhando para o próximo governo, não para o presidente Bolsonaro", afirmou. "Se podemos em 30 ou 60 dias dar um choque de energia barata e retomar o crescimento, porque nós vamos esperar quatro anos?".

ARGENTINA

Guedes se reuniu nesta sexta também com o ministro da Economia da Argentina, Nicolás Dujovne. Em entrevista após o encontro, os dois disseram que trataram de negociações comerciais bilaterais e das negociações de acordo entre a União Europeia e o Mercosul.

"Vamos fechar acordo (em negociações bilaterais) nos próximos 30 dias e isso vai nos permitir chegar a um acordo também com os europeus, que estamos atrasados ha décadas", disse Guedes, sem detalhar quais seriam os acordos.

Na entrevista, ele disse que o presidente argentino Mauricio Macri tem "todo o apoio" do governo Jair Bolsonaro. Para tentar estancar a crise econômica do país, Marci anunciou esta semana um pacote de medidas que inclui o congelamento de preços de mais de 60 produtos.

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