Fukushima inicia operação delicada para retirar material nuclear de reator danificado
A Tepco, operadora da central nuclear de Fukushima, iniciou nesta segunda-feira (15) a retirada do combustível armazenado na piscina do reator 3, um dos mais danificados da usina, em uma operação delicada que foi adiada diversas vezes e que deve demorar dois anos.
Esta é a segunda vez que a empresa organiza uma operação do tipo, depois de esvaziar a piscina do reator 4 entre 2013 e 2014. Mas o estado do reator 4 era diferente, pois seu núcleo, ao contrário do número 3, não entrou em fusão porque estava vazio.
A piscina de desativação e resfriamento do reator 3 contém 566 unidades de combustível nuclear, volumosas peças que devem ser retiradas antes de outras tarefas no edifício, que sofreu uma grande explosão.
O edifício do reator 3 se transformou após o acidente em uma floresta de sucata, que precisou de evacuação. A piscina, situada no topo, também estava lotada de todo tipo de dejetos.
Equipamentos especiais, incluindo uma grua, foram instalados para permitir a retirada das unidades de combustível, uma a uma.
Os materiais radioativos estão a 18 metros abaixo do nível do solo e serão colocados em contêineres especiais, para serem levados de caminhão até o novo local de armazenamento. Se o material radioativo for exposto ao ar livre, gases tóxicos poderão ser liberados na atmosfera.
"A expectativa é que o trabalho seja completado em março de 2021, mas a segurança é nossa prioridade", disse Joji Hara, porta-voz da empresa.
Os preparativos levaram mais tempo que o previsto. "A princípio acreditávamos que poderíamos iniciar a retirada no fim de 2014, mas tivemos que agir com prudência por causa da radioatividade", afirmou a Tepco.
A empresa começará com a retirada das sete unidades de combustível nuclear não utilizadas, que em tese representam menos riscos. As outras operações devem demorar mais tempo.
A retirada do combustível das piscinas dos reatores 1 e 2, as outras duas unidades cujos núcleos entraram em fusão, devem começar em 2023.
A central de Fukushima Daiichi, que fica 220 km ao nordeste de Tóquio, foi inundada em 11 de março de 2011 por um tsunami provocado por um terremoto forte.
O fornecimento de energia elétrica para os circuitos de resfriamento foi cortado, o que provocou a fusão dos núcleos de três dos seis reatores da central e violentas explosões devido ao acúmulo de hidrogênio por reação química, no edifício que cobria as unidades em que ficam as piscinas.
O desastre de 2011 forçou a retirada de 160 mil pessoas que moravam perto da usina. Muitas delas nunca puderam voltar.
Em 2016, o governo do Japão estimou que o custo total para desmantelar a usina e pagar indenizações demandará cerca de US$ 192 bilhões. O valor representa 20% do Orçamento anual do país.